Detentora de um dos maiores rebanhos de ovinos e caprinos do Rio Grande do Norte, com mais de 95.952 animais (IBGE 2023), a Região Central do estado, mais precisamente no município de Lajes, volta a contar com mecanismo estratégico para o fortalecimento da cadeia produtiva da ovinocaprinocultura potiguar. Trata-se do Abatedouro Frigorífico Cesar Militão. Com apoio do Sebrae RN, a unidade de beneficiamento acaba de ser reaberta pela Associação de Criadores de Ovinos e Caprinos do Sertão do Cabugi (ACOSC), com capacidade de realizar em torno de 28 mil abates de animais ao ano.
A reabertura do equipamento resolve um dos principais gargalos do setor da ovinocaprinocultura na região, que há cerca de seis anos não dispunha de abatedouro certificado para beneficiar caprinos e ovinos. A medida torna apta a comercialização de animais certificados pelo Serviço Estadual de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Rio Grande do Norte (SEIPOA/Idiarn). A carne produzida poderá ser vendida para redes de supermercados e adquiridas para merenda escolar, por exemplo.
De acordo com o analista técnico do Sebrae RN e gestor do Projeto Rota do Cordeiro, Everton Monteiro, ao longo do processo de reativação do abatedouro, o Sebrae RN desenvolveu uma série de ações para a retomada do empreendimento. As intervenções envolveram desde a capacitação de produtores, em prol do manejo adequado dos animais, até a criação de um manual de boas práticas, fundamental à certificação da unidade pelo Idiarn.
“Além disso, o Sebrae viabilizou um veterinário, que ficou responsável pela supervisão da retomada das atividades do abatedouro, garantindo que os processos atendam aos padrões sanitários exigidos. Lajes possui uma localização estratégica, e a retomada das atividades do abatedouro é fundamental para o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva. Além de estimular os criadores, que agora terão onde abater seus animais, vai favorecer a logística de transporte e distribuição dos produtos”, destaca.
O presidente da Acosc, Edmilson Fernandes, reconhece o papel decisivo no Sebrae RN para a reabertura do abatedouro e, consequentemente, para o fortalecimento da ovinocaprinocultura potiguar. Segundo ele, graças à ferramenta Sebraetec, a associação conseguiu modernizar a unidade de beneficiamento e adequar a estrutura às exigências sanitárias, tornando possível o retorno das atividades no local.
“O Sebrae sempre será de suma importância para o desenvolvimento e a assistência técnica a produtores rurais. Para a unidade, através do Sebrae, foi possível viabilizar a confecção dos manuais de boas práticas, de suma importância para o funcionamento do frigorífico.
Ampliação
Ainda de acordo com Fernandes, a unidade gerida pela Acosc atenderá a toda comunidade, sejam associados ou não. No local, serão ofertados os serviços de abate e beneficiamento das carnes (cortes, embalagem, rotulação).
“Além disso, o equipamento abaterá caprinos e ovinos, jovens e adultos, diferente de modelos de aberturas anteriores, assumidos por uma empresa, quando foram voltadas apenas para ovinos jovens (cordeiros), nicho muito restrito no mercado”, acrescenta.
O presidente da Acosc destaca ainda que o funcionamento da unidade de beneficiamento terá reflexos diretos em uma melhor organização da cadeia produtiva. Para atender a demanda do mercado, pontua ele, será necessário também aumentar a produção de animais.
“Somente de matrizes em idade reprodutiva, há uma necessidade de mais de 30 mil cabeças. Isso vai forçar o produtor a se organizar melhor, produzir mais e tornará a cadeia mais forte, rentável e sustentável”, frisa.
Nesse contexto, a atuação contínua do Sebrae RN no fomento à ovinocaprinocultura do estado deverá ser um diferencial para o crescimento do setor. Para isso, assegura Everton Monteiro, estão garantidas ações com os produtores, especialmente consultorias previstas no Projeto Rota do Cordeiro.
“O Sebrae continuará com as ações de capacitação dos produtores, com acompanhamento periódico, melhorando sua produção por meio das consultorias, que têm o intuito de levar conhecimento técnico ao homem do campo, para que ele alcance um padrão de produção a tornar a propriedade cada vez mais produtiva e eficiente”, detalha.
A ovinocaprinocultura é apontada como uma das atividades mais representativas do Rio Grande do Norte. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2023, o estado possui rebanho de 770.421 cabeças. O município de Apodi figura como o detentor do maior rebanho, com 50 mil animais. Iniciativas como a retomada do abatedouro em Lajes, portanto, são fundamentais para tornar o segmento no Rio Grande do Norte mais competitivo.