Cultivo, produção e conservação ambiental se encontram na apicultura e na meliponicultura. O setor, que envolve o manejo de abelhas para produção de méis e derivados, foi tema do Palco Juntos Pelo Agro, que abriga a programação contínua de seminários da Agência Sebrae Festa do Boi 2025. A iniciativa integra a Festa do Boi 2025, um dos maiores eventos do agronegócio do Nordeste, que segue até o dia 18 de outubro, no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim.
Com forte adesão de produtores de diversas regiões do Rio Grande do Norte, mais de 300 pessoas participaram do encontro dedicado ao tema Apicultura e Meliponicultura. A abertura da programação teve como foco o tema Diversificação e agregação de valor na meliponicultura, conduzido pelo ecólogo e mestre em Gerenciamento Ambiental Jerônimo Villas-Bôas. Especialista em biodiversidade, ele é membro da rede Ashoka desde 2015 e conselheiro do Slow Food Internacional, atuando como ponto focal do tema biodiversidade.

Em sua palestra, Jerônimo apresentou as múltiplas possibilidades de valorização da produção de mel no Brasil, país que abriga 18 espécies nativas de abelhas. Ele explicou que essas espécies possuem organização biológica distinta da tradicional Apis mellifera — a conhecida abelha italiana — e ressaltou as diferenças culturais, tecnológicas e sensoriais que influenciam o modo de cultivo e o perfil dos produtos.
Segundo o especialista, assim como no café, as notas sensoriais podem ser fundamentais para agregar valor aos méis e aproximar produtores e consumidores. “Principalmente no caso dos méis de abelhas uruçu e jandaíra, a menor quantidade de açúcar permite maior percepção de sabor”, observou.
Jerônimo também destacou a diversidade de perfis entre os criadores de abelhas — desde comunidades e grupos de lazer até empreendedores individuais e coletivos — e citou territórios produtivos consolidados, como Pará, Amazonas, Rio Grande do Norte, Maranhão, Bahia, São Paulo e Paraná.

Além da importância econômica, o palestrante enfatizou o papel das abelhas na conservação ambiental. “Elas não são importantes apenas na produção de mel, mas também na polinização, que garante a reprodução de inúmeras plantas. No entanto, a mesma agricultura que se beneficia das abelhas tem provocado o desaparecimento de várias espécies. Valorizar os produtos das abelhas é também valorizar essa agenda de conservação”, afirmou.
Outro ponto abordado foi o potencial dos alimentos funcionais como estratégia de diferenciação. “O mercado funcional é o principal caminho para agregar valor. Produtos que tenham impacto positivo na saúde das pessoas são cada vez mais procurados — como vimos com o crescimento do própolis após a pandemia”, completou.
A programação contou ainda com a palestra de Sérgio Luiz Gonçalves Farias, presidente da Confederação Brasileira de Apicultura, sobre Fortalecimento do associativismo e cooperativismo, além da apresentação de casos de sucesso da apicultura potiguar.
Para Sérgio, a apicultura — especialmente a meliponicultura — vive um momento de ascensão no Brasil.
“Estamos vendo muitos jovens e novos produtores iniciando na atividade e permanecendo no setor, o que é muito importante. Antes, muitos começavam e desistiam, mas hoje percebemos um crescimento constante. A perspectiva aqui no Rio Grande do Norte é animadora: enquanto a média nacional de produção é de 20 quilos por caixa ao ano, há regiões do estado, mesmo em áreas secas e áridas, alcançando 70 quilos. Isso, para nós, é algo extraordinário”, afirmou Sérgio Luiz Gonçalves Farias, presidente da Confederação Brasileira de Apicultura.
Entrega de certificados
O evento também foi marcado pela entrega oficial do Selo de Inspeção Federal (SIF), que autoriza a comercialização nacional de mel, à Associação de Jovens Agroecologistas Amigos do Cabeço (JOCA), de Jandaíra, e à Cooperativa Potiguar de Produção Agropecuária (COOPA), de Nísia Floresta. A cerimônia contou com a presença do superintendente do Ministério da Agricultura, Manoel Freitas Neto; da vice-prefeita de Nísia Floresta, Valéria Mesquita; do diretor técnico João Hélio Cavalcanti; da gerente da Unidade de Desenvolvimento Rural, Mona Paula Nóbrega; e do gestor de Apicultura e Meliponicultura, Nilson Dantas, além de equipe técnica da instituição.
Agência Sebrae Festa do Boi
A Festa do Boi 2025 conta com um espaço de 5 mil m² dedicado à inovação, sustentabilidade e fortalecimento da economia potiguar. De 10 a 18 de outubro, no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, o público encontra palestras, oficinas, exposições, experiências gastronômicas e oportunidades de negócios em diversas cadeias produtivas. A programação inclui a Fazendinha Modelo, a Queijeira Artesanal Nivardo Melo, a Exposição de Queijos Artesanais do Brasil, o espaço Feito Potiguar e atividades da Economia Criativa, além de ações de educação ambiental e neutralização de carbono.
Mais informações: agenciasebraefestadoboi.com.br