A Rede Inova Caicó, que articula o Ecossistema Local de Inovação (ELI) do município, concluiu recentemente o processo de atualização do seu nível de maturidade e a construção do novo plano de ação estratégico, consolidando avanços importantes registrados nos últimos dois anos. A iniciativa contou com o apoio do Sebrae e a condução metodológica da consultora especializada em ecossistemas de inovação, Adelle Nogueira, e envolveu instituições, empreendedores, poder público e representantes da sociedade civil.
Na última avaliação, realizada em 2023, o ELI Caicó apresentava nota de maturidade 12,41, sendo classificado no grau “em estruturação”. Após a nova mensuração, o ecossistema alcançou a nota 16,96, mantendo-se no mesmo grau, porém demonstrando evolução consistente em suas vertentes e maior articulação entre os atores. Atualmente, a Rede Inova Caicó reúne cerca de 30 instituições e aproximadamente 155 atores, consolidando-se como um dos principais espaços de articulação para o desenvolvimento inovador no Seridó.
Além da atualização da maturidade, o grupo definiu os setores que passam a ser priorizados pelo ecossistema a partir de agora: Alimentos; Saúde e Bem-Estar; Vestuário e Moda; Tecnologia da Informação (TI); e Turismo. A escolha levou em consideração o potencial econômico, os talentos formados na região, a vocação produtiva local e a validação dos próprios atores do ELI.
De acordo com Ítalo Bruno, analista técnico do Sebrae e gestor da Rede Inova Caicó, o processo representa um momento significativo da trajetória do ecossistema. “Com o objetivo de compreender com precisão o estágio atual do ELI e planejar seus próximos passos, realizamos um trabalho estruturado de mensuração da maturidade e construção do plano de ação para 2026. Foi um processo marcado por alinhamento, transparência e forte engajamento dos atores, reforçando que um ecossistema só avança quando atua de forma colaborativa”, destacou.
A metodologia aplicada foi dividida em quatro etapas realizadas em novembro de dezembro desse ano. A primeira foi o Kickoff, encontro de abertura que apresentou a atualização da metodologia ELI, contextualizou os objetivos do processo e mobilizou os atores para as etapas seguintes. Em seguida, foram realizadas entrevistas online com representantes das seis vertentes da metodologia: Ambientes de Inovação; Programas e Ações; ICTI; Políticas Públicas; Capital; e Governança. Essas entrevistas permitiram coletar evidências concretas sobre o funcionamento do ecossistema e identificar avanços, desafios e oportunidades.
Na terceira etapa, dois workshops presenciais reuniram os atores do ELI. No primeiro, foram apresentados os resultados das entrevistas, incluindo o radar de maturidade por vertente. Já no segundo momento, os participantes trabalharam de forma colaborativa na identificação das principais dores das vertentes menos pontuadas e na construção de estratégias e ações para enfrentá-las. O processo também utilizou dados do banco de inteligência do Sebrae, cruzando informações sobre talentos formados na região e setores econômicos, o que subsidiou a definição dos setores priorizados. A quarta e última etapa foi o lançamento do plano de intervenção, apresentado à sociedade em um evento de culminância.
Para a consultora Adelle Nogueira, a escuta qualificada e o envolvimento dos atores foram determinantes para o resultado alcançado. “A partir das entrevistas, conseguimos identificar o nível real de maturidade do ecossistema. Nos workshops, trabalhamos de forma prática, identificando problemas, dores e estratégias, até chegar a um plano de intervenção construído coletivamente. A expectativa é que, em uma próxima mensuração, Caicó avance do nível ‘em estruturação’ para ‘em desenvolvimento’”, afirmou.
O plano estratégico do ecossistema trouxe novos objetivos para cada eixo. Em Ambientes de Inovação, destacam-se ações para ampliar a divulgação da IT Seridó junto às instituições de ensino e à sociedade, além do estímulo ao aumento de empresas incubadas. No eixo de Políticas Públicas, o foco será ampliar o entendimento do poder público sobre a importância da inovação para o desenvolvimento municipal e desmistificar a Lei de Inovação e seus benefícios. Já no eixo Capital, estão previstas ações de letramento financeiro para potenciais investidores e a estruturação de um clube de investidores locais, os “Anjos do Seridó”. Em Programas e Ações, o plano prevê a realização de macroeventos para sensibilizar áreas de grande potencial ainda pouco engajadas no ELI, além de microeventos nichados voltados ao pequeno empreendedor.
A programação e o processo também foram avaliados positivamente por integrantes do ecossistema. Para Fabiana Silva, coordenadora da Casa do Artesão do Seridó, o ELI é um espaço fundamental de construção coletiva. “É um ambiente de encontros, trocas e formação, que permite que diferentes setores se conectem e pensem soluções conjuntas para o desenvolvimento de Caicó. Os workshops possibilitaram refletir sobre fragilidades, reconhecer conquistas e construir um plano de ação pé no chão, com foco em impactos reais para as organizações e para o município”, ressaltou. Ela também destacou a importância do ecossistema para o fortalecimento do artesanato regional, que envolve cerca de 80 artesãos de 13 municípios, organizados em associações e cooperativas como a Cooperartes.
Já Laura Roscelle, líder de marketing da Comunidade Caicó Valley, reforçou o papel do ELI como elo entre inovação e sociedade. “O Ecossistema de Inovação de Caicó cria um ambiente favorável para oportunidades e suporte, reduzindo barreiras que antes dificultavam a implementação de projetos socioeconômicos. Seu valor está justamente na conexão e na geração de oportunidades”, afirmou, avaliando como fundamentais os momentos de planejamento e lançamento do plano de ação.
Com a atualização da maturidade e o lançamento do novo plano estratégico, a Rede Inova Caicó inicia um novo ciclo de fortalecimento do ecossistema, reafirmando o compromisso com o desenvolvimento inovador, colaborativo e sustentável do município e da região do Seridó.

