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Artesãos do Espaço Sebrae buscam fechar mais negócios até o encerramento da Fiart

Os expositores procuram fechar mais negócios até o último dia da Fiart, que termina neste domingo (28). O otimismo é baseado na qualidade e no design inovador aplicado ao artesanato.
Por Redação
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Natal – Calcula daqui, embala de lá e entrega. Esse é o movimento mais visto no Espaço Sebrae nesses últimos dias da 29ª Feira Internacional de Artesanato (Fiart) que está sendo realizada no Centro de Convenções de Natal, na Via Costeira. Os artesãos aproveitam para intensificar a apresentação das peças e, principalmente, se relacionar com clientes para fechar negócios. A conversa, o olho no olho e o contato com os objetos importam nesses últimos dias de evento. Os artesãos têm boas expectativas de vendas. O trunfo está na qualidade do trabalho exposto e também no design inovador das peças apresentadas.

Uma das apostas tem sido apresentar ao visitante tipologias que timidamente apareciam no evento. Não faz tanto tempo que as garrafinhas esculpidas com areia colorida deixaram de estar em alta entre as lembranças que os turistas levam do Rio Grande do Norte. Até os idos de 1980, essa tipologia era quase um souvenir obrigatório para quem visitava o estado, principalmente Natal com seus cartões postais. Porém, lenta e gradativamente foi caindo no esquecimento daqueles que manipulavam a areia e, consequentemente, dos interessados nesse tipo de arte por indisponibilidade.

O Sebrae no Rio Grande do Norte e parceiros começaram um movimento de retomada de tipologias remanescentes, introduzindo toques de inovação para estimular mais artesãos a se voltarem para a atividade. Defensores desse movimento de resgate não faltaram. Maria Natália, artesã do município de de Tibau, foi uma das primeiras a abraçar a ideia, por ter visto e vivenciado o apogeu e o declínio da atividade. No evento, ela comprova que uma manualidade tradicional carrega consigo potencial para se renovar. Esse detalhe elucida o motivo do otimismo dos artesãos.

“O trabalho de gravuras nas areias coloridas em garrafa estava sucumbido, morto. Com as consultorias do Sebrae, a gente conseguiu resgatar essa arte novamente”, diz Maria Natália Cândido.

Pela primeira vez no evento, a empreendedora representa uma associação de 30 produtores do município, a Vila do Tibau, e trouxe para a feira 54 peças representativas do grupo e resultantes do aprendizado da capacitação, idealizada pelo Projeto de Economia Criativa do Sebrae. “Com a consultoria do Sebrae e o trabalho de Christian de Saboya, estamos expandindo a nossa produção. Isso trouxe inovação para a minha arte de areia colorida. Daqui para frente, a expectativa de vendas é grande. Só nos três primeiros dias, cheguei a vender dez garrafas grandes”.

O esforço para resgatar e difundir a técnica de tipologias remanescentes não ficou restrita apenas a Tibau . Artesãos de cinco cidades do estado também foram estimulados a se voltar para a produção artesanal, utilizando matérias primas típicas e técnicas tradicionais de cada localidade. Natural de Lajes Pintadas, Noêmia Borges de Oliveira, já nem se lembra quando começou a utilizar a fibra de sisal, abundante na região onde mora, para tecer objetos manualmente.

No entanto, com o declínio da demanda e produção de peças a partir da tipologia, o interesse por parte dos artesãos pelo material também caiu. Agora, ela é uma das pessoas que guardam na memória e nas mãos o domínio do manuseio da palha de uma das árvores mais características do sertão nordestino. A fibra prova que é resistente e que ainda tem força. E a artesã está empenhada em repassar essa habilidade para as novas gerações.

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.“Estamos no resgate do sisal. Sempre trabalhei com o sisal, mas teve essa redução e agora estamos nesse resgate porque me pediram para eu dar uma forcinha para ajudar a ensinar as pessoas essa arte, que está um pouco parada. Continuamos e estamos trabalhando”.

Trabalhando com entusiasmo para modernizar esse tipo de artesanato. Além da fibra na cor natural, os chapéus, cestos, bolsas, sousplat e demais utensílios se apresentam com a fibra em várias cores, algumas personalizadas ao gosto do cliente. ”A expectativa de vendas é boa. Com certeza, vamos fazer acontecer”.

Importância do relacionamento

Se vender é o desejo de qualquer artesão, alcançar o objetivo passa também por uma boa vitrine e pela capacidade de atrair, conquistar e se relacionar com os visitantes. Para muitos, obter sucesso em um evento nem sempre tem a ver somente com comercialização instantânea. A interação e a troca com o cliente de perto geram negócios para além da feira.

Esse é o pensamento da empreendedora Ana Clara Rangel, que expõe no espaço Sebrae as peças da sua loja, que possui junto com a mãe há 28 anos em Caicó, que absorve a produção de bordadeiras da região do Seridó, detentora do selo de Indicação Geográfica (IG) para o bordado.

“Às vezes, um evento nem gera tantas vendas, mas, conta mais o que ocorre posteriormente. Nos anos em que participamos, constatamos que muitas pessoas faziam mais encomendas, o que acaba gerando negócios ao longo de todo o restante do ano. Por isso, nem sempre é tão importante a venda imediata, mas sim o relacionamento que fica após o evento e o que gera”, justifica Ana Clara, explicando porque a Fiart é uma vitrine para destacar o talento do artesão.

A expositora reservou para a feira peças em bordados que compõem o enxoval para bebês, entre paninhos, cobertores para berço e roupas infantis, sobretudo vestidos com a cara e identidade da cultura seridoense.

Percepção semelhante tem outra expositora do espaço, a artesã Suzete Córdula, da cidade de Acari, que possui na genealogia da família artistas consagrados localmente também pela arte sacra. Juntamente com a filha, a artesã produz vestuário infantil a partir do linho, chegando a exportar para países como Dubai, Austrália e Portugal.

O diferencial da marca Maria Menina é justamente o que está em alta, a sustentabilidade. As roupas são confeccionadas com resíduos de tecidos de linho e enchem os olhos de quem as vê.

“Tudo começou com minha filha, que sempre teve habilidade com trabalhos manuais, passou a usar as sobras do tecido em linho para confeccionar as peças. Ela viu uma oportunidade e criou a marca com esse foco na sustentabilidade”, conta Córdula.

Para a empreendedora, a feira acaba sendo uma vitrine para o trabalho desenvolvido. “A gente não vem apenas na intenção de vender muitos produtos, mas também de se aproximar do nosso público e divulgar a marca. O restante é consequência”.