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Cerro Corá se destaca como a sexta maior produtora de maracujá do Brasil

Município potiguar ganha protagonismo na fruticultura nacional com histórias de superação e inovação no campo
Por Redação
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O município de Cerro Corá, localizado a 190 quilômetros de Natal, conquistou um lugar de destaque na produção nacional de maracujá. De acordo com os dados mais recentes da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade potiguar ocupa a sexta posição entre os maiores produtores do fruto no país, com números referentes ao ano de 2023.

Cerro Corá é o único município do Rio Grande do Norte a figurar entre os dez principais polos de produção de maracujá no Brasil — cultivo tradicionalmente mais forte nos estados da Bahia e do Ceará. O desempenho chama atenção pelo potencial de diversificação agrícola em uma região onde o fruto ainda não é amplamente cultivado.

Antes comerciante, o produtor rural José Júnior, transformou o cultivo do maracujá como sua principal fonte de renda. Foto: Daísa Alves

Um dos pioneiros nesse movimento foi o produtor José Júnior, que iniciou o plantio em 2005, de forma experimental, com cerca de 150 mudas no terreno de casa. Na época, o acesso limitado à água e as altas temperaturas dificultavam o cultivo.

A produção ganhou força e, a partir de 2016, tornou-se a principal fonte de renda de José — que atualmente cultiva seis mil plantas, substituindo os antigos cajueiros plantados por seu pai. “Anualmente, chego a produzir, em média, 50 toneladas — desde o início da colheita até o fim do ciclo”, afirma.

José atribui boa parte do sucesso ao apoio técnico do Sebrae-RN. “A consultoria do Sebrae foi fundamental para alavancar minha produção e me motivar a continuar. Se houvesse mais incentivo e investimento em pesquisa por parte do poder público, acredito que mais pessoas permaneceriam na atividade”, conclui.

Em outro contexto, o empresário e produtor rural Josenildo Ataíde viu sua empresa do ramo de vidros fechar durante a pandemia de Covid-19. A partir disso, decidiu investir na comercialização do maracujá, atuando inicialmente como atravessador, até se encantar pelo cultivo e optar por iniciar sua própria plantação.

“Por volta de 2022 eu fiz o primeiro plantio, mas comecei já com uma estrutura muito grande para um iniciante, com seis mil plantas. Não sabíamos lidar com isso, e se tornou muito árduo. Foi quando soube que havia uma equipe do Sebrae na região, apoiando outros produtores de maracujá. Essa foi a minha virada de chave”, relata.

Com o apoio da instituição, o produtor visitou plantações na Bahia, onde aprendeu novas técnicas de manejo. Após aplicar os ajustes adequados à realidade local, conseguiu dobrar sua produtividade, passando de 10 para mais de 22 toneladas por hectare em apenas um ano.

Josenildo destaca que, apesar dos desafios — como a falta de políticas públicas com apoio técnico e infraestrutura — o cultivo do maracujá tornou-se uma alternativa viável para muitos produtores. “Foi uma segunda opção que prosperou, gerando renda, novos empregos e com potencial também para o turismo rural”, afirma.

Apoio do Sebrae

Para Elton Alves, analista do Sebrae-RN e gestor do Projeto Agro+, ver um município se destacar nacionalmente na produção de maracujá é uma confirmação do impacto positivo das ações realizadas pela instituição em parceria com o ecossistema do agro.

“O mérito, claro, não é só nosso. O produtor é o verdadeiro herói, seja enfrentando desafios com sacrifício ou utilizando inovações que facilitam o processo produtivo”, ressaltou Elton. Segundo ele, o papel do Sebrae é justamente indicar as melhores soluções para diferentes perfis de produtores, promovendo ganhos em produtividade, sustentabilidade ambiental e transformação social.

O analista também enfatizou a importância de compreender a vocação e as demandas de cada território, articulando políticas públicas, crédito rural e parcerias. Nesse contexto, o Movimento Feito Potiguar aparece como ferramenta estratégica para incentivar o consumo local. “Estimular mercados, supermercados e restaurantes a comprarem dos produtores potiguares é o que realmente faz a transformação acontecer. Nosso papel é apoiar as lideranças locais na comunicação desse potencial para toda a comunidade”, finalizou.

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