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Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, comemorado anualmente no dia 8 de março, dados recentes sobre o empreendedorismo feminino no Rio Grande do Norte mostram avanços significativos, mas também revelam desafios persistentes que exigem atenção e políticas públicas eficazes. Entre os destaques, está o crescimento do número de empresas abertas por mulheres nos últimos quatro anos, e a desigualdade de renda entre gêneros.

De acordo com o levantamento Empreendedorismo Feminino no Rio Grande do Norte – Especial 08 de março, realizado pelo Sebrae-RN, em 2021 foram registradas 10.298 novas Microempresas Individuais (MEIs), enquanto em 2024, esse número foi de 15.793, o que representa uma média anual de abertura mais alta ao longo desse período. Já nos primeiros dois meses de 2025, foram abertas 4.061 novas MEIs – evidenciando um aumento considerável que reflete a resiliência e determinação das empreendedoras potiguares.

O estudo também traça o perfil da mulher empreendedora potiguar, revelando que 42% das empresas no estado têm mulheres como principais sócias, totalizando 118.593 negócios ativos. A maior parte dessas empresas está registrada como MEIs (61.462), seguidas por Microempresas (43.436), Empresas de Pequeno Porte (EPP) com 7.077 e Empresas de Médio e Grande Porte (MGE) somando 3.915.

Setores de destaque e disparidades

Os setores de serviços e comércio são os que mais concentram mulheres empreendedoras, representando 44% e 45% dos negócios femininos, respectivamente. No entanto, a presença feminina na construção civil (17%) e no agronegócio (31%) ainda é consideravelmente inferior à masculina, apontando para barreiras estruturais em áreas tradicionalmente dominadas por homens.

Entre os segmentos com maior concentração de mulheres à frente de negócios estão saúde e bem-estar (20,8%), moda e confecção (15,4%) e serviços de alimentação (8,9%), áreas conhecidas por oferecerem mais oportunidades para a força de trabalho feminina.

Apesar do crescimento no número de empreendedoras, a desigualdade de renda entre gêneros e grupos raciais permanece uma realidade preocupante. Mulheres negras donas de negócios, por exemplo, possuem uma renda 28% menor que a dos homens negros, 49% inferior à das mulheres brancas e 61% menor que a dos homens brancos.

A pesquisa também aponta que a região metropolitana de Natal concentra o maior número de pequenas empresas lideradas por mulheres (66.156), seguida pelo Alto Oeste (14.665) e Vale do Açu (7.332). O percentual de participação feminina entre os empreendedores varia entre 40% e 43,7%, o que aponta para uma presença relativamente equilibrada nas diferentes regiões.

Do campo à inovação no mercado de queijos maturados

Apesar do baixo protagonismo feminino no campo, Micarla Fernandes tem mostrado a resiliência da agricultura no RN como motor para o seu sucesso. Filha de agricultores e criada no interior do Rio Grande do Norte, ela trilhou um caminho de superação e empreendedorismo até se tornar referência na produção de queijos maturados no estado. Apesar da formação em Pedagogia, foi no empreendedorismo rural que encontrou sua verdadeira vocação.

Micarla Fernandes e seu esposo, Rassio Henrique, parceiros e sócios. | Foto: Moraes Neto

Em 2021, ao lado do marido, Micarla fundou a Fazenda Lima, uma queijaria que aposta na qualidade do leite próprio para agregar valor aos produtos. Segundo a empreendedora, o início foi desafiador, com a seca e os impactos da pandemia dificultando a produção. No entanto, a busca por conhecimento e capacitação foi essencial para transformar o negócio.

A participação no Empretec, programa do Sebrae voltado ao desenvolvimento de empreendedores, foi um divisor de águas para mim. O Empretec abriu minha visão e me mostrou o potencial do nosso negócio, destaca a empreededora rural, Micarla Fernandes.

Hoje, a Fazenda Lima se diferencia pela produção de queijos maturados com alto valor agregado, incluindo um queijo inovador maturado com café, um produto exclusivo no estado. O reconhecimento veio com o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, na categoria Produtora Rural, reforçando sua trajetória de sucesso.

Agora, Micarla sonha em expandir a Fazenda Lima para além da produção de queijos, investindo no turismo rural e na sustentabilidade. Além disso, deseja inspirar outras mulheres que empreendem no campo. “É possível vencer, alcançar sonhos e superar desafios. Quero ser referência e apoiar outras pessoas nessa jornada”, afirma.

Lady Driver: um negócio de mulheres para mulheres

Rebecca Cabral, atenta à crescente demanda por transporte seguro para mulheres, fundou o Lady Driver, um aplicativo exclusivo com motoristas mulheres para garantir maior segurança a passageiras, crianças e idosos. A ideia surgiu da percepção de que as mulheres precisavam de uma alternativa confiável, tanto para se deslocarem quanto para trabalhar.

Com uma trajetória de desafios e aprendizados, Rebecca já liderou outros negócios, enfrentando sucessos e fracassos, mas sempre com uma visão inovadora. “Percebi que havia uma demanda latente por transporte seguro, e foi assim que pensei em criar o Lady Driver”, afirma.

Rebecca Cabral, fundadora do Lady Driver. | Foto: cedida

O diferencial do aplicativo, segundo Rebecca, está em gerar oportunidades de renda para mulheres motoristas, além de oferecer uma alternativa segura e confortável para as passageiras. “Não estamos apenas oferecendo transporte; estamos empoderando mulheres e garantindo sua autonomia”, destaca.

Com apoio do Sebrae, Rebecca estruturou seu negócio e destaca a parceria como fundamental para o sucesso.

Todo empreendimento ou qualquer coisa que eu faça, eu realmente vou contar com o Sebrae, porque são parceiros que pegam na mão com a gente, ressalta Rebecca Cabral, fundadora do Lady Driver.

Oportunidades e apoios para mulheres empreendedoras

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Sistema Sebrae oferece 11 mil vagas para treinamentos exclusivos voltados para mulheres empreendedoras em todo o Brasil. Os cursos gratuitos abrangem áreas como alimentos e bebidas, beleza, moda e marketing, com o objetivo de incentivar e acelerar o empreendedorismo feminino. As inscrições podem ser feitas pelo link: Empreendedorismo Feminino.

Além disso, o mês de março marca o início da programação oficial do SEBRAE DELAS no Rio Grande do Norte. O primeiro evento exclusivo para o público feminino será o Ciclo 2025 do Mulheres Arretadas, visando capacitar empreendedoras a se tornarem protagonistas em estratégias de marketing digital e vendas. A primeira edição ocorre em Santa Cruz no dia 12 de março, seguida de Natal (02/04), Pau dos Ferros (10/04), Apodi (30/04), Parelhas (27/05), Assú (21/05), Jucurutu (20/08) e Caicó (23/09). As inscrições estão abertas no site: Mulheres Arretadas 2025.

Além desses eventos, o Sebrae Delas também promove Jornadas de Atendimento, apoia Feiras de Negócios Entre Elas e realiza o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, uma importante oportunidade para celebrar o sucesso das empresárias potiguares. Para 2025, está prevista a implementação de uma nova metodologia, o Lidere Delas, focada no fortalecimento da liderança feminina nas organizações.

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