O início deste ano traz ótimas expectativas para o cultivo do caju no Rio Grande do Norte em 2025. Em parceria com municípios potiguares, o Sebrae RN ampliará o Projeto de Revitalização da Cajucultura no Estado, com a adesão ao projeto de cidades nas regiões Agreste, Médio Oeste e na Grande Natal. A estimativa é de que, com a expansão, a iniciativa alcance, no ano, em torno de 800 produtores em 2.000 hectares de área cultivada. A ampliação foi anunciada no I Seminário CajuMel – Desafios da Agroindústria do Caju e do Mel Potiguar, realizado na última quinta-feira (6), no Campus Apodi do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).
O Projeto de Revitalização da Cajucultura impactará cerca de 150 novos pequenos produtores, em área estimada de 300 hectares. As ações do Sebrae RN em prol da revitalização do cultivo do caju no estado já beneficiam cajucultores em municípios como Serra do Mel (Oeste), onde a parceria beneficiará 400 produtores em 800 hectares, em Apodi (Médio Oeste Potiguar), com 100 produtores em 200 hectares, e mais 150 cajucultores em Mossoró.
Segundo especialistas presentes no I Seminário CajuMel, a ampliação do projeto contribuirá para a recuperação da cajucultura potiguar, após seguidos anos de perdas de pomares. De acordo com dados apresentados no CajuMel, estima-se que, entre os anos de 2009 e 2019, O Rio Grande do Norte perdeu mais 60% da área de pomares existentes.
Para o engenheiro agrônomo e produtor Simplício Holanda, a reestruturação da cajucultura, que nos últimos cinco anos experimenta fase de retomada, passa pela revitalização dos pomares. Ainda conforme o especialista, a tendência é de que o estado ultrapasse, nos próximos anos, a área de pomares registrada antes do declínio da cultura.
“Já estamos há cinco anos de recuperação do setor. Então, é de se esperar que tenhamos aproximadamente 90 mil hectares em produção, e a tendência é de que até mesmo a marca de 129 mil hectares que tínhamos antes da crise na cajucultura, lá em 2009, seja superada em breve. Isso tudo tem muito a ver com ações, como o trabalho de revitalização que está ocorrendo nas diversas regiões”, avalia.
De acordo com o gestor de Fruticultura do Sebrae RN, Franco Marinho, o Projeto de Revitalização da Cajucultura atuará fortemente no sentido de dotar o pequeno produtor de condições favoráveis ao desenvolvimento sustentável da atividade. Nesse sentido, além da distribuição de mudas, o Sebrae beneficiará cajucultores com assistência técnica e de gestão, além de orientação e ações que promovam o acesso a mercados.
“A adesão de novos municípios ao projeto de revitalização mostra o potencial e o crescimento da cajucultura no estado. Com o projeto, o Sebrae contribui decisivamente para que toda a cadeia produtiva cresça, de forma inovadora e sustentável. O conhecimento precisa chegar ao pequeno produtor, e um evento com o CajuMel, aliado às ações previstas no projeto de revitalização, darão à cajucultura o papel de destaque que o setor sempre teve no estado”, pontua.
Mão de obra e mecanização
A intenção é que, aliadas, tais ações contribuam diretamente para a superação daquele que é apontado como o principal gargalo do setor: a escassez de mão de obra. A alternativa, segundo mesa redonda “Experiências Inovadoras e Soluções para a Agroindústria Familiar”, realizada no CajuMel, é apostar na mecanização da produção.
São ideias simples, porém inovadoras, como o descastanhador de caju seco, desenvolvido por pequenos produtores da zona rural de Mossoró. Um dos inventores da máquina, Francisco Evânio comenta a inovação, que alia praticidade e efetividade: “Era muito difícil achar gente para descastanhar o caju, e com o problema, criamos nossa própria solução, que, além de resolver a falta de mão de obra, ainda agiliza a produção e preserva a qualidade das castanhas. Essa máquina, com certeza, foi uma de nossas maiores conquistas”.
Durante a mesa redonda “Experiências Inovadoras e Soluções para a Agroindústria Familiar”, realizada no CajuMel, foram apresentadas ainda soluções como a mototrator, que facilita a colheita e transporte do caju e máquinas responsáveis pela poda dos cajueiros.
O I Seminário CajuMel reuniu autoridades, produtores, estudantes e especialistas das cadeias produtivas da cajucultura e apicultura/meliponocultura para debater temas estratégicos, políticas públicas e apresentação de casos de sucesso nos dois setores. Além do Sebrae RN e IFRN, são parceiros do I Seminário CajuMel a Ufersa, Embrapa, Faern/Senar, Emater-RN, Prefeitura de Mossoró, Prefeitura de Apodi, STTR, Mapa, Fruticoop, Unicafes/RN, Coopapi e Sindicato Rural de Apodi.
O CajuMel contará ainda com atividades complementares, que serão realizadas entre os dias 10 e 14 de fevereiro, com visitas técnicas, dias de campo e realização de clínicas tecnológicas. É o caso da atividade de campo, focada na implantação de pomares de cajueiro, na Fazenda Rafael Fernandes, na comunidade de Lagoinha, em Mossoró, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), próximo dia 14.
-