Parnamirim – No cenário do Rio Grande do Norte, onde as condições naturais privilegiadas de umidade e insolação proporcionam mais de 300 dias de sol por ano, a fruticultura assume uma posição de destaque. O estado se firma como um dos principais polos de produção de frutas tropicais irrigadas do Brasil, além de se destacar como o maior produtor e exportador de melão no país. Diante desse contexto promissor, surge a pergunta: como os pequenos produtores rurais podem aproveitar plenamente essas condições favoráveis e o potencial de mercado para se destacar e prosperar?
Essa indagação foi o ponto de reflexão nos seminários técnicos realizados na Agência Sebrae Festa do Boi, nesta sexta-feira (13), que contou com a presença do economista especializado em relações internacionais, Naji Harb. Durante o evento, o economista ministrou uma palestra intitulada “Mercado para fruticultura – como agregar valor”. Segundo Naji Harb, para os pequenos produtores, a organização se mostra essencial para alcançar maior eficiência e redução de custos.
“A formação de associações e cooperativas possibilita o compartilhamento de conhecimentos e recursos, além de proporcionar vantagens na negociação de insumos e na comercialização dos produtos”, destaca Naji Harb.
Daí a importância da orientação e o apoio oferecidos por instituições como o Sebrae que desempenham um papel crucial na capacitação desses produtores, permitindo-lhes aprimorar suas práticas e técnicas de cultivo, gestão e logística. “Afinal, é importante compreender que a agregação de valor na fruticultura não se limita apenas a aumentar os preços dos produtos, mas envolve uma série de práticas e estratégias que visam otimizar a eficiência, qualidade e sustentabilidade do setor”, pontua Naji.

Dentre os exemplos discutidos, a busca por certificações, o processamento adequado, a diversificação dos produtos derivados, a organização dos produtores e a compreensão profunda da cadeia produtiva emergem como aspectos necessários para impulsionar o crescimento socioeconômico das comunidades rurais e garantir o sucesso contínuo dos produtores no mercado nacional e internacional.
“A fruticultura, quando devidamente planejada e executada com conhecimento e paixão, oferece oportunidades valiosas para os produtores que desejam prosperar neste setor promissor”, ensina Naji Harb.
O diretor da Pillar Consultoria também destaca que a busca por práticas sustentáveis e éticas tem ganhado destaque, impulsionada por certificações específicas que garantem a qualidade e a responsabilidade ambiental na produção de frutas. “A fruticultura brasileira, apesar de ser predominantemente orientada para o mercado de produtos in natura, tem cada vez mais explorado formas de agregar valor aos seus produtos. Diversas estratégias têm sido adotadas para impulsionar o setor, com destaque para certificações de origem, controle sanitário e uso de agrotóxicos”, exemplifica.
Além disso, segundo o consultor, a crescente demanda por conveniência, tem impulsionado a necessidade de processamento mínimo das frutas, como cortes e remoção de cascas, visando atender consumidores que buscam praticidade e agilidade no consumo. No âmbito da exportação, a qualidade dos produtos desempenha um papel fundamental, exigindo um rigoroso tratamento pós-colheita para garantir a durabilidade das frutas durante o transporte, muitas vezes prolongado.

Além disso, a diversificação dos produtos derivados das frutas, como frutas desidratadas e ingredientes para produtos processados de alto valor agregado, tem se mostrado uma estratégia promissora para impulsionar a lucratividade e ampliar os mercados de atuação.
Segundo o diretor da Pillar Consultoria, Naji Harb, a valorização das histórias por trás dos produtos também tem se mostrado uma tendência importante, impulsionada pela crescente preocupação dos consumidores com questões ambientais e éticas. A certificação de indicação geográfica e a promoção de características regionais únicas têm contribuído para elevar o valor percebido dos produtos e ampliar o reconhecimento de suas origens.
O diretor técnico do Sebrae RN, João Hélio Cavalcanti, e o gestor do Projeto de Fruticultura da instituição, Franco Marinho, participaram do seminário, que reuniu fruticultores de várias regiões do estado. A 61ª Festa do Boi é uma realização da Associação Norte-rio-grandense de Criadores – ANORC e do Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca, em parceria com a Prefeitura Municipal de Parnamirim, Sebrae-RN e Polo Sebrae Agro. O evento prossegue até este sábado (14), no Parque de Exposições Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, região metropolitana de Natal.