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Rio Grande do Norte desponta como referência na Economia do Mar

Promovido pelo Sebrae RN, seminário em Guamaré aponta potencial do estado e reforça integração de setores produtivos, comunidades e instituições
Por Sandra Monteiro
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Contabilizando um total de 26 municípios costeiros, o Rio Grande do Norte caminha para se tornar referência no desenvolvimento da chamada Economia do Mar. A constatação é de especialistas participantes do Seminário Economia do Mar, realizado nesta terça-feira (11), no Centro do Convenções de Guamaré, localizado há 75 km de Natal.

Promovido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte e pela Federação das Indústrias do Estado (FIERN), o evento reuniu representantes do setor produtivo, especialistas, gestores públicos e empreendedores para discutir desafios e oportunidades do segmento. Esse setor abrange atividades econômicas das mais representativas do estado, como turismo, pesca, extração de sal e energias renováveis.

Para alcançar a condição de protagonista, o estado conta com condições vocacionais privilegiadas. É o caso de posição geográfica estratégica, proximidade de rotas internacionais, além abundância de área de pescado, a exemplo do atum. Aliado a isso, iniciativas de articulação e fortalecimento de territórios costeiros, como o Programa Líder – Economia do Mar, desenvolvido pelo Sebrae RN, contribuem para conectar atores e impulsionar o desenvolvimento dos pequenos negócios inseridos nos municípios com atividades marítimas.

Foto Dedé Ramalho

Segundo Djalma Barbosa, presidente do Cluster Tecnológico Naval do RN, que no evento participou do painel “Como conduzir nosso leme e onde colocar nossa âncora?”, a ideia é se apropriar das potencialidades e somar esforços, com o intuito de transformar o estado em referência.

“Nossas potencialidades são inúmeras, e quando esse movimento de articulação acontece, o estado se credencia para ser referência no desenvolvimento da economia do Mar, puxando o crescimento desse setor tão importante não só para o estado, mas para todo o Brasil”, pontuou.

Consultor executivo do Cluster, Daniel Penteado vai além. Para o especialista, o estado deve se transformar em hub mundial de economia do mar. O estado, segundo ele, é vocacionado e reúne condições ideais para o desenvolvimento do segmento.

“O estado reúne todas as condições propícias para que, se a gente fizer um planejamento bem-feito e conseguir um trabalho de unir as entidades de defesa dos interesses do setor produtivo, a gente consegue deslanchar. É uma capacidade muito grande, muito óbvia que o estado possui para ser um hub marítimo internacional”, enfatizou.

Bússola para o setor

Foto: Dedé Ramalho

Presente ao evento, Zeca Melo, o diretor superintendente do Sebrae RN, lembrou que o seminário Economia do Mar tem papel estratégico na definição de prioridades para o setor no estado. Na ocasião, ele também reforçou o compromisso da instituição com o fortalecimento das atividades inseridas na chamada Economia do Mar.

“Esse é um momento importantíssimo, no qual reunimos representantes de diversas esferas para tratar da Economia do Mar. Isso nos orientará na definição de ações específicas e áreas prioritárias, apoiando iniciativas de forma abrangente e inclusiva nessas atividades econômicas fundamentais ao nosso estado”, detalhou.

Com o auditório do Centro de Convenções de Guamaré lotado, o Seminário Economia do Mar contou com a participação de representantes dos sete municípios que integram a Costa Branca Potiguar, região impactada pelas ações do programa Líder – Economia do Mar, desenvolvido pelo Sebrae RN.

É o caso da artesã Natália Cândido, do município de Tibau, que mantém viva a arte de utilizar areia colorida para produzir garrafas que representam paisagens litorâneas. Ao expor seus produtos no evento, ela conta que o apoio do Sebrae RN é decisivo para o resgate da tradição da atividade. No seminário, o espaço destinado à exposição de artesanato também foi ocupado por artesãs de Grossos, Guamaré, Macau, Areia Branca e Galinhos.

“Eu trabalho com essa arte desde os 14 anos e, após um período sem fazer, voltei para dar continuidade a esse trabalho que, infelizmente, estava morrendo na cidade. Através do Sebrae, houve o resgate e eu estou firme, principalmente agora, que me sinto mais forte, com o programa Líder – Economia do Mar, que é de suma importância para todos nós que temos ligação com esse setor”, frisou.

Desafios e oportunidades

O seminário também trouxe à tona discussões sobre os principais desafios para o fortalecimento das atividades marítimas potiguares. Além da necessidade de uma governança sólida, a falta de acesso à informação sobre benefícios fiscais e linhas de crédito específicas ainda limita o desenvolvimento de muitos empreendimentos.

No painel “Fontes de Financiamento e Captação de Recursos para a Economia do Mar”, a advogada e especialista em Direito Marítimo e Portuário, Samara Gualberto, alertou sobre a importância do conhecimento e da capacitação, que impactam no desenvolvimento, especialmente dos pequenos negócios.

“O que a gente nota é que os médios e pequenos empresários têm direito a uma série de incentivos governamentais que eles desconhecem, como linhas de crédito especiais do governo. Então, muitas vezes eles têm ótimas ideias e oportunidades, mas não conseguem evoluir, porque trava na falta de dinheiro. Conhecer esses mecanismos vai fazer a diferença entre o desenvolvimento ou não do setor, sem dúvida alguma”, asseverou.

Inserção da comunidade

Também é preciso um olhar especial para as pequenas comunidades inseridas no contexto da Economia do Mar. No painel “Desenvolvimento Humano e Comunidades de Inovação”, o representante da The Human Project, Saulo Barreto, destacou a necessidade de uma nova dinâmica social e econômica voltada para o protagonismo local.

“Há uma subestimação das comunidades. É preciso criar uma dinâmica, em que exista reconhecimento do potencial que elas têm. Precisamos de um modelo de desenvolvimento social e econômico construído de dentro para fora, com a própria comunidade sendo protagonista, revelando suas capacidades e mantendo sua identidade, enquanto as entidades parceiras apenas ajudam a despertar esse potencial”, afirmou.

Durante o evento, os participantes puderam conhecer diversos a exposição de produtos das artesãs de municípios da Costa Branca. Foto: Dedé Ramalho

Impacto e perspectivas

Para a gerente da Unidade de Desenvolvimento Rural do Sebrae RN, Mona Nóbrega, o seminário representa uma oportunidade para reposicionar o Rio Grande do Norte no cenário nacional da Economia do Mar e despertar a atenção do estado para a sua capacidade produtiva.

“O seminário traz essa grande possibilidade de entendermos como estamos nos posicionando na Economia do Mar no Brasil. O Rio Grande do Norte tem muito a ganhar ao olhar com mais atenção para essa pauta. Quando falamos de Economia do Mar, falamos de diversos segmentos robustos para o estado. Somos, por exemplo, o segundo maior produtor de camarão do Brasil. No entanto, ainda precisamos avançar em infraestrutura portuária, prestação de serviços marítimos, estaleiros e manutenção.

Além de especialistas, representantes de instituições públicas e privadas e do setor produtivo, o Seminário Economia do Mar contou ainda com a participação do secretário de Infraestrutura do Estado, Gustavo Coelho, que apresentou iniciativas governamentais voltadas ao desenvolvimento territorial e à governança.

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