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Saúde financeira é chave para a sobrevivência e crescimento dos pequenos negócios

Com apoio do Sebrae e acesso a crédito garantido pelo FAMPE, doceria potiguar cresce de forma sustentável e investe em energia solar para reduzir custos e ampliar produção
Por Mariana Falcão
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No mundo do empreendedorismo, erros de gestão financeira podem custar caro. Que o diga Débora de Sena, que precisou fechar sua primeira empresa após enfrentar dificuldades no caixa. A experiência amarga, no entanto, serviu como aprendizado. Trabalhando em uma confeitaria de maior porte, conheceu Karoline Freitas, com quem compartilhava o sonho de empreender novamente — mas, desta vez, com mais preparo.

Em 2023, as duas fundaram a DeKacau Doceria, no bairro Planalto, em Natal, unindo experiências distintas: Débora com o histórico de empresária e Karoline com a bagagem adquirida em outras confeitarias. Durante o processo, buscaram o Sebrae para consultorias de precificação e gestão, a fim de evitar erros comuns do setor. “Não queríamos apenas colocar bolos na vitrine. Queríamos estruturar o negócio para crescer com segurança”, relembra Débora.

Doce ‘Morango do Amor’ impulsionou o faturamento em 300%

O planejamento deu frutos. Em 2025, um produto ganhou protagonismo em todo o país: o doce “morango do amor”, que multiplicou o faturamento diário em 300%. O crescimento trouxe novos desafios — mais equipamentos e a necessidade de contratar mais um profissional para equipe para dar conta da produção. Foi então que recorreram à consultoria financeira, através do Agente de Crédito e Finanças, oferecida pelo Sebrae, através do credito ja.rn.sebrae.com.br, que abriu caminho para a aprovação de crédito.

O financiamento foi obtido por meio da plataforma Crédito Já, com a utilização do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (FAMPE) – iniciativa do Sebrae que oferece mais segurança às instituições financeiras e viabiliza crédito para empreendedores que não possuem garantias para apresentar. O recurso foi direcionado à instalação de placas de energia solar. A decisão estratégica reduzirá em longo prazo os custos fixos com energia, liberando mais capital para reinvestimento no negócio. “Transformamos a parcela de um gasto inevitável em investimento. Quando o financiamento terminar, será só alegria”, afirma Karoline.

“A trajetória de Débora e Karoline mostra que crédito consciente e de forma planejada é muito mais que recurso financeiro: é estratégia para transformar custos em investimento e garantir o crescimento sustentável do seu negócio”, comentou Ruth Maia, gestora do Crédito já.

Desafios e realidade dos pequenos negócios

A trajetória das empreendedoras da DeKacau reflete a importância do equilíbrio financeiro e do acesso ao crédito para a sustentabilidade dos pequenos negócios — um tema que ainda desafia empreendedores no estado.

No Rio Grande do Norte, segundo levantamento da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae/RN, o faturamento das micro e pequenas empresas potiguares apresentou alta de 33% em agosto de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, nem todos colhem os mesmos resultados: 36% relataram queda no faturamento, enquanto 27% permaneceram estáveis.

Entre as dificuldades mais citadas, 34% dos empresários apontaram o aumento dos custos de insumos, energia e aluguel como o maior desafio, seguido pela falta de clientes (32%). O endividamento também preocupa: 24% possuem dívidas em atraso, enquanto apenas um terço consegue manter os compromissos em dia.

No que se refere ao crédito, os números revelam barreiras significativas: apenas 27% buscaram empréstimos nos últimos três meses e, desses, apenas 20% conseguiram aprovação. A baixa taxa de sucesso mostra que, mesmo quando recorrem ao sistema financeiro, muitos empreendedores encontram portas fechadas.

“A inadimplência é um dos principais desafios enfrentados pelos pequenos negócios. Quando o cliente atrasa o pagamento, a empresa perde fluxo de caixa, fica mais difícil honrar compromissos e investir no crescimento. Por isso, é fundamental que o empreendedor acompanhe de perto sua gestão financeira, adote práticas de controle de vendas e recebimentos, e não deixe de buscar apoio e orientação. Existem ferramentas e soluções acessíveis que ajudam a organizar as finanças e a reduzir os impactos da inadimplência, garantindo mais segurança e sustentabilidade para o negócio”, Alinne Dantas, gerente da UGE.

Educação financeira como diferencial

Histórias como a de Débora e Karoline reforçam que o crédito, por si só, não resolve os problemas de um negócio. O fator decisivo é a saúde financeira, construída com planejamento, controle de custos e escolhas conscientes de investimento.

Para as especialistas, a experiência da DeKacau é um exemplo de como conhecimento, consultoria e crédito direcionado podem transformar um desafio em oportunidade. “O crédito não é um fim, mas um meio. O essencial é que o empreendedor saiba onde e como aplicar, para que o negócio cresça de forma sustentável”, resume Débora, que hoje colhe os frutos do aprendizado com segurança e visão de futuro.

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