Agência Sebrae de Notícias

Natal – O ano era 1973. Uma sexta-feira comum, sem acontecimentos extraordinários no âmbito político ou do cotidiano. Mas, no mesmo último dia de agosto, em uma das ruas frondosas de Petrópolis, bairro da capital potiguar – mais precisamente à altura do número 359 da rua Mossoró -, um misto de inquietação e empolgação quebra a pasmaceira da rotina por dentro das quatro paredes do, à época, Banco de Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, o BDRN, criado há pouco pelo então governador Cortez Pereira a partir das prerrogativas do projeto de desenvolvimento do setor secundário do RN.

Ali, naquele local, o estado cria o embrião de uma instituição, que mais tarde viria se tornar essencial para o desenvolvimento de pequenas empresas potiguares. Naquele momento, era criado o Núcleo de Assistência Empresarial (NAE), que, anos depois, virou o Centro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas do RN (CEAG). Nada na área de suporte empresarial viria a ser mais igual nas terras de Poti. O capital das operações do Programa de Agricultura e do Financiamento às Pequenas e Médias Empresas (FIPEME), disponibilizado pelo BDRN, vinha atender o segmento dos pequenos negócios e ampliar ainda que timidamente a participação no mercado, dominado por grandes corporações interessadas nas obras públicas do plano de desenvolvimento da Sudene.

Esses são os primórdios do Sebrae no Rio Grande do Norte, que só recebeu esse nome e a estrutura atual no fim da década de 1970, juntamente com a estreia do Balcão Sebrae, um balcão de orientação itinerante instalado onde o empreendedor estava. De balcão, o Sebrae passou a se torna um instrumento de suporte e capacitação de pequenas empresas e de articulação do desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte por meio do fortalecimento da massa produtiva do estado ao longo desses 50 anos.

Somente no primeiro semestre deste ano, o Sebrae realizou mais de 200 mil atendimentos a um público composto por empresários, produtores rurais, Microempreendedores Individuais (MEI), startups e ainda pessoas que almejam empreender e ter o próprio negócio. As ações atualmente abrangem formalização, orientação técnica, acompanhamento, acesso a mercados, desenvolvimento de novos processos e modelos de negócios, oferta de consultorias, estímulo à inovação, sustentabilidade e tecnologia, idealização e discussão de políticas públicas para a criação de um ambiente mais favorável aos negócios.

O economista Getúlio Nóbrega lembra bem de como começou essa evolução e a acompanhou de perto, ou melhor, de dentro. Ele foi o primeiro diretor executivo do Sebrae no Rio Grande do Norte, ao assumir a direção do então Núcleo de Assistência Empresarial, em agosto de 1973, e testemunha a transformação nas cadeias produtivas do estado, propiciada pela instituição nas últimas cinco décadas.

“O Sebrae começou a formação de empresários. Mas não tinha a visão que tem hoje. Naquela época, não se falava em gestão financeira. A gente oferecia capacitação sobre custos, como reduzir os custos da empresa. Estávamos começando a abrir a internacionalização para pequenas empresas. Hoje, o Sebrae tem uma atuação marcante em diversas áreas”, lembra o economista.

“O Sebrae tem essa capacidade de se atualizar e de se renovar a cada instante. Dá prazer ver aonde o Sebrae chegou depois de 50 anos”.

Getúlio Nóbrega foi um dos ex-dirigentes e ex-presidentes a participar do encerramento da semana de celebrações solenes e festivas em alusão aos 50 anos. A instituição promoveu na noite do seu aniversário (quinta-feira – 31) um encontro, que reuniu funcionários, convidados, ex-dirigentes e ex-presidentes do Conselho Deliberativo Estadual, para comemorar meio século de empenho e trabalho em prol do desenvolvimento do estado e no fortalecimento da micro e pequena empresa potiguar. O evento possibilitou cenas e momentos antológicos para a história do Sebrae. A junção de gerações de líderes, que já comandaram ou que estão hoje à frente da casa dos pequenos negócios do Rio Grande do Norte, após cinco décadas.

“Hoje, temos órgãos e organismos financiadores e mão de obra relativamente qualificada. Mas o espírito empreendedor é tímido, o que dificulta, pelo menos no começo, de muitos pequenos negócios serem implantados. Agora, a gente começa com uma nova fase após 50 anos. A vantagem do Sebrae foi que sempre se renovou, sempre se adequou e sempre obteve o protagonismo de ir na frente, abrindo o caminho para quem quisesse empreender no Rio Grande do Norte”, destacou Getúlio.

Presenças ilustres

Durante esse encontro, realizado na própria sede do Sebrae-RN, também foi realizado o lançamento e feita a obliteração pelos Correios do Selo Comemorativo Sebrae 50 Anos. A sessão contou com a condução da superintendente estadual dos Correios no RN, Jaqueline Costa do Nascimento. Participaram o presidente do CDE, Itamar Manso, o diretor técnico do Sebrae Nacional, Bruno Quick, e os diretores do Sebrae-RN, Zeca Melo (superintendente), João Hélio Cavalcanti (técnico) e Marcelo Toscano (Operações). O secretário de Desenvolvimento Econômico, Jaime Calado, representou a governadora, e prestigiou o evento ao lado de 15 ex-dirigentes e dez ex-presidentes do Conselho. Os ex-governadores José Agripino Maia e Garibaldi Alves Filho também compareceram para prestar homenagem a instituição.

Os momentos foram compartilhados com diretores, parceiros, membros da classe política, empresários, funcionários, conselheiros, amigos e familiares. Foram momentos repletos de emoção, reencontros e celebrações que destacam a valorização do vínculo que o Sebrae estabeleceu na vida das pessoas, nas empresas atendidas e nas entidades que o compõem ao longo dos últimos 50 anos. O presidente do Conselho Deliberativo Estadual (CDE), Itamar Manso, externou o sentimento de estar à frente da instituição neste momento histórico.

“Sinto-me imensamente feliz e honrado por estar liderando o Conselho Deliberativo. O Sebrae tem mantido firme sua missão de apoiar os pequenos negócios nos setores da indústria, comércio, serviços e agronegócios, visando fortalecê-los de maneira competitiva e sustentável”.

Para Itamar Manso, a diversidade de entidades que compõem o CDE, longe de enfraquecê-lo, tornou-se a sua maior fortaleza. “A pluralidade de atores, sejam eles do setor público ou privado, que participam em sua instância máxima, desempenhou um papel decisivo para que o Sebrae atravessasse as décadas e as diferentes conjunturas, sempre carregando a bandeira das micro e pequenas empresas como pauta e prioridade em todas as discussões relacionadas a desenvolvimento, inclusão e sustentabilidade. O Sebrae é um aliado do tempo, sustentado por uma base sólida, um propósito firme e um conjunto diversificado de instituições parceiras. Isso nos permite recriar, adaptar, digitalizar e continuar a estar presente e próximo das micro e pequenas empresas, tanto no mundo físico quanto no digital, nas áreas urbanas e rurais”.

Passado no presente

Além de Getúlio Nóbrega, também participaram do evento de encerramento das comemorações como convidados de honra os ex-dirigentes: José Arnaud Junior, João Augusto da Silva Gurgel, João Bosco da Costa, Sérgio Linhares, João Batista de Medeiros Junior, Diron Albuquerque de Moraes, Teresa Gláucia Cavalcanti, Carlos von Sohsten, Eduardo Viana, Luiz Cláudio Macedo, Horácio Barreto, e Lázaro Mangabeira.

Os ex-presidentes do Conselho Deliberativo Estadual, Marcelo Queiroz, José Bezerra Júnior, José Anchieta da Costa, Sérgio Freire, Fernando Fernandes, Sílvio Bezerra, que também representou seu pai, ex-presidente Fernando Bezerra, foram homenageados durante o encontro com placas comemorativas.

“Essa homenagem é uma questão de justiça, porque, se a gente esquecer o que fizeram, seremos esquecidos no futuro. Parabéns à direção do Sebrae de enaltecer aqueles que fizeram a base dessa instituição. O Sebrae é um case de sucesso mesmo, feito com muito suor por aqueles que fizeram essa bonita história”, declarou o secretário Jaime Calado, representante da governadora Fátima Bezerra.

Durante o jantar, o diretor técnico do Sebrae Nacional, Bruno Quick, destacou a importância do desenvolvimento econômico do Sebrae no estado do Rio Grande do Norte.

“Coube-me cumprir essa missão tão prazerosa de vir, aqui, transmitir com muita sinceridade e verdade, o que vou afirmar. Muitas das coisas que acontecem e aconteceram no Brasil, que impactaram muito a história de empreendedorismo e a história do Sebrae, passaram ou surgiram aqui, no Rio Grande do Norte. É como água mineral, uma fonte boa para se beber água. E a gente bebeu muita água daqui”, reconheceu Bruno Quick.

Bruno Quick se refere a fatos e feitos, como a aprovação do projeto do Estatuto da Micro e Pequena Empresa, proposta que foi abraçada pelos senadores potiguares Garibaldi Alves Filho, José Agripino e Fátima Bezerra, à época. “Então, a história de 15 milhões de brasileiros e brasileiras que estão hoje, país afora, atuando com dignidade e competitividade passa pelo Rio Grande do Norte”, reconhece.

No âmbito do Sistema Sebrae, o protagonismo do Rio Grande do Norte também é notório. Bruno Quick citou projetos potiguares que ganharam projeções nacionais, como o Sertão Empreendedor, Agentes Locais de Inovação (ALI) e AgroNordeste, para argumentar o pioneirismo do estado, destacando o fato de a ficha técnica do Sebraetec mais usada atualmente no país, a de inseminação artificial de bovinos, ter surgido do projeto Leite & Genética do Sebrae-RN.

Visivelmente emocionado, o diretor superintendente do Sebrae no Rio Grande do Norte, economista José Ferreira de Melo Neto, mais conhecido na sociedade potiguar e em todo o Sistema Sebrae como Zeca Melo, declarou que é uma pessoa privilegiada por ter tido a oportunidade de viver boa parte da sua vida nessa jornada dos 50 anos do Sebrae. “Deus foi muito generoso comigo. Porque aqui me realizei profissionalmente e fiz muitos amigos e parceiros em toda essa jornada. Eu sempre fui um admirador e defensor dessa instituição, que tem um papel fundamental no fomento ao empreendedorismo e no apoio aos pequenos negócios do nosso Rio Grande do Norte”.

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