A transformação de resíduos em negócios foi o tema central da manhã do Encontro Regional do Projeto Pró-Catadores, realizado nesta quarta-feira (24), em Pau dos Ferros, no Alto Oeste potiguar. O debate na parte da manhã reuniu catadores, representantes de associações, lideranças do setor de reciclagem e gestores públicos para discutir como a organização em rede pode fortalecer o segmento, garantir preço justo e ampliar o acesso direto à indústria de reciclagem.
O primeiro painel contou com a participação de Sérgio Pinheiro, coordenador da Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh); Carina Santos, presidente da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Caicó; Cleide Rodrigues, presidente da Associação São José de Catadores de Pau dos Ferros; Firmino Linhares, presidente do Sindicato das Indústrias de Reciclagem e Descartáveis do RN; Maricélia Morais, gestora do Projeto Pró-Catador no Sebrae-RN; e Rosileide Santos (Lena), presidente da Coocamar e representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis no estado.
Entre os temas abordados, Sérgio Pinheiro destacou a importância de dar representatividade aos catadores nas ações do setor. Já Carina Santos chamou atenção para a necessidade de construir caminhos que possibilitem a comercialização direta com as empresas, ressaltando que, no Seridó, em Caicó, já existem nove associações estruturadas e duas em formação.

Para Firmino Linhares, o fortalecimento das associações e cooperativas é estratégico também para a indústria, que hoje recicla cerca de 25% do material disponível. Ele defendeu o acesso direto dos catadores às empresas e colocou o Sindicato à disposição para facilitar esse contato. Rosileide Santos reforçou a urgência de estruturar redes regionais de atuação, lembrando que a falta de integração estadual tem sido um entrave para o avanço do movimento.
A gestora do Sebrae-RN, Maricélia Morais, destacou o consórcio Cimop como uma iniciativa dentro do Projeto Pró-Catador que pode servir de referência para estruturar comercialização em rede, fortalecendo o setor e garantindo relações mais equilibradas com compradores.
O painel também abriu espaço para depoimentos de catadores, que ressaltaram as dificuldades do dia a dia, a importância de se apropriar de direitos e deveres e a necessidade de ampliar reuniões e capacitações para atrair mais trabalhadores ao movimento. Perguntas e contribuições do público trouxeram à pauta temas como resistência ao associativismo, aposentadoria, participação em movimentos de valorização da categoria e os desafios da agenda ambiental.