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Industrialização da cajucultura é a saída para retomar o crescimento do setor

O tema foi debatido no Seminário da Cajucultura, nesta quinta-feira (24), dentro da programação científica da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada (Expofruit)
Por Sandra Monteiro / Especial EXPOFRUIT
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Mossoró – O Rio Grande do Norte pode se tornar protagonista no processo de recuperação da cajucultura no Brasil. O estado reúne condições favoráveis à implantação de um plano de industrialização do setor, alternativa defendida pelo chefe da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), Gustavo Saavedra, para permitir a sobrevivência e a retomada do crescimento da atividade. De acordo com Saavedra, o protagonismo do Rio Grande do Norte pode se explicar a partir dos resultados obtidos por produtores dos municípios de Severiano Melo e Apodi, no Oeste do estado. A região é considerada a melhor do país em termos de resultados no processo produtivo.

De tão satisfatórios, tornaram a região ambiente de estudo para técnicos da Embrapa, e a ideia é replicar o processo alcançado pelos produtores locais em outras cidades potiguares, assim como em outros estados, como Paraíba e Ceará.

“O Rio Grande do Norte hoje é um farol para todo o país a partir da região de Severiano Melo e Apodi, onde os produtores aliam tecnologia a fatores humanos e industrialização e conseguem trabalhar com a castanha, mas também têm indústria de processamento de polpa e outros produtos derivados. É a região mais preparada do país, e estamos tentando reproduzir isso em outros locais”, ressalta.

É o que Saavedra chama de “estratégia de biorrefinaria, que implica na adoção de medidas que reúnem, em um só ambiente, técnicas de manejo adequadas, assistência a produtores e implantação de unidades industriais. O resultado será o melhor aproveitamento do caju e agregação de valor aos produtos.

“Para recuperar a cajucultura, precisamos urgentemente de uma política industrial de processamento e agregação de valor, baseado na lógica de biorrefinaria, que permite o aproveita de todos os componentes. E o Rio Grande do Norte tem todas as condições de sair na frente”, defende Gustavo Saavedra.

Foto: Edilberto Barros

A ideia de Gustavo Saavedra foi apresentada em palestra ministrada no Seminário da Cajucultura, nesta quinta-feira (24), dentro da programação científica da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada (Expofruit). O evento, realizado pelo Sebrae no Rio Grande do Norte, Comitê Executivo de Fruticultura (Coex) e Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), teve início no dia 23 e segue até esta sexta-feira(25), em Mossoró.

A conferência discutiu ainda temas como o aproveitamento integral do caju e reuniu especialistas em mesa redonda para discutir as principais problemáticas da cajucultura na atualidade.Ao analisar o cenário da cajucultura no estado, o diretor Técnico do Sebrae RN, João Hélio Cavalcanti Júnior, lembrou que o Sebrae terá papel decisivo no processo de fortalecimento do setor, por meio do Programa de Revitalização da Cajucultura e parcerias voltadas à assistência técnica de produtores.

“A cajucultura é uma atividade importantíssima para o Rio Grande do Norte, e nós, enquanto Sebrae, estamos firmando parcerias com municípios onde os pomares foram praticamente dizimados e estamos plantando variedades de cajueiro anão em centenas de hectares e recuperando antigas áreas de plantio, porque acreditamos que, aliado a ações governamentais, teremos, sim, o Rio Grande do Norte como protagonista na recuperação da cajucultura do país”, avalia.

O Rio Grande do Norte é o terceiro maior produtor de castanha de caju do país. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, o estado produziu 18 mil toneladas do produto.