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Renovação do ‘Leite e Genética’ fortalece pecuária no Médio Oeste

Nova edição do programa foi assinada ontem (3), em Campo Grande, 5º maior produtor de leite do RN; iniciativa já alcança 72 municípios e 7.240 animais em 2024
Por Redação
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Reconhecida como uma das mais promissores regiões para produção de leite no Rio Grande do Norte, a bacia leiteira de Campo Grande (Médio Oeste) deu mais um passo para elevar o potencial produtivo e se tornar ainda mais representativa na pecuária leiteira no estado. Para isso, o município ganhará mais uma edição do Programa Leite e Genética, conforme o termo de cooperação técnica assinado nessa terça-feira (3), renovando a parceria do programa. Desenvolvido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte, Prefeitura de Campo Grande e o Laticínios Santa Teresinha, o Leite e Genética levará aos produtores rurais conhecimento técnico e tecnologias inovadoras focadas no melhoramento genético do rebanho.

O termo de cooperação foi assinado em evento que reuniu dezenas de produtores rurais no Instituto Gentil, em Campo Grande, além de representantes das partes envolvidas no acordo. O encontro contou ainda com palestra do zootecnista Luiz Fernando Canazaro, que abordou temáticas como sanidade animal, nutrição, manejo e melhoramento genético.

Trata-se do terceiro ano seguido de vigência do Programa Leite e Genética em Campo Grande. Na cooperação, o Sebrae subsidia 70% dos custos, a partir do Programa Sebraetec. Os demais 30% são financiados pela Prefeitura (20%) e pelo Laticínio Santa Teresinha (10%). Somente em 2024, o programa resultou no nascimento de 103 animais, frutos de inseminação artificial para melhoramento do rebanho. Dos 42 produtores rurais contemplados com a solução no estado, 19 são de Campo Grande.

Presente ao evento, o prefeito de Campo Grande, Francisco das Chagas Eufrásio, “Bibi de Nenca”, ressaltou a importância da renovação da parceria para execução do programa, em prol do fortalecimento da bacia leiteira local e regional. Atualmente, o município é o quinto maior produtor de leite do estado e detém o sexto maior rebanho de bovinos no RN.

“Esses dados mostram que o nosso município tem a vocação para a produção de leite e, em função dessa grande representatividade, procuramos estabelecer a parceria para aplicação do programa mais uma vez no município. Isso tem sido muito importante na mudança da cultura, do pensamento dos produtores, que agora enxergam a importância do programa. Essa é a grande vitória, e isso tende a elevar ainda mais a capacidade produtiva no município, e queremos realmente avançar no sentido de fazer com que haja esse aumento progressivo na produção”, ressalta.

Força e produção

O Programa Leite e Genética atua fortemente no sentido de levar ao pequeno produtor rural biotecnologias, como melhoramento genético, utilizando o método da inseminação artificial por tempo fixo (IATF). Entre os benefícios da técnica, destaca-se a elevada taxa de prenhez do rebanho, com animais mais fortes e maior capacidade produtiva de leite.

De acordo com o analista técnico do Sebrae RN e gestor do Programa Leite e Genética, Luís Felipe, somente no ano passado o projeto alcançou 72 municípios potiguares, com um total de 7.240 animais inseminados, e com média geral de sucesso de 46%. Ao longo dos 13 anos de atuação, o programa contabiliza 35 mil nascimentos.

“São números muito positivos, que mostram a importância do Leite e Genética para a pecuária leiteira do estado. Estamos contribuindo fortemente para melhorar a qualidade do rebanho, do leite produzido e da vida do pequeno produtor, que pode acessar inovação tecnológica, que antes era restrita a grandes propriedades rurais”, pontua.

Inicialmente resistente à inovação e tecnologia trazidos pelo programa, em especial à aplicação de técnicas que envolvem a inseminação artificial em prol do melhoramento genético do rebanho, o produtor rural Antônio Terceiro Pimenta já não imagina o rebanho sem os benefícios do programa. Desde a implementação do programa no município, contabiliza dez animais com a genética melhorada.

“Aprendi com meu pai, ao longo do tempo, que o que valia era quantidade de animais, e não qualidade, mas o programa me mostrou que não é assim, e hoje já vejo a importância da qualidade do rebanho, que vai me dar a possibilidade de produzir mais leite. Só das inseminações feitas no ano passado em dez vacas, segurou seis e estou muito feliz com os resultados”, comemora.

Ganha-ganha

Segundo Túlio Veras, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Norte (Sindleite-RN) e proprietário do Laticínios Santa Teresinha, a iniciativa, aliada a outras soluções, deverá prover a bacia leiteira local e estadual de mais qualidade e tornar o setor mais competitivo. A ideia, ainda segundo ele, é seguir ampliando a produção de leite no estado, que, de 2024 para 2025, saltou 10% e passou de 500 mil litros para 548 mil litros de leite em maio deste ano.

“Com o programa Leite e Genética e outras medidas, ações governamentais, como a instalação de uma destilaria de milho, por exemplo, poderemos manter e até ampliar esse volume. Estamos calibrando os atores envolvidos nesse processo para nos tornarmos mais competitivos, porque só assim encontramos a sustentabilidade dos negócios e do setor”, enfatiza.

No campo, os resultados do Programa Leite e Genética saltam aos olhos. Na comunidade rural Alto Alegre, em Campo Grande, o produtor rural Francisco Antônio Gurgel é um exemplo de como a iniciativa contribui para a melhoria do rebanho e da bacia leiteira do município.

Após aderir à iniciativa, no ano passado, ele mostra orgulhoso os primeiros resultados no curral da propriedade: as duas primeiras bezerras (Mimosa e Monaliza), fruto da inseminação artificial garantida pelo programa. A ideia, segundo o criador, é ampliar a participação nessa nova etapa do Leite e Genética no município.

“Eu achava distante demais de benefícios como esse chegar até minha propriedade, e hoje, com essas duas bezerras aqui, vejo que é possível melhorar o rebanho, ter mais qualidade, e só tenho a agradecer ao Sebrae, Prefeitura e Laticínio Santa Teresinha, por nos proporcionar essa oportunidade. Estou muito otimista com essa nova etapa do programa, e dessa vez quero inseminar 10 matrizes, e melhorar cada vez mais o meu rebanho”

Analista técnico do Sebrae RN, Lecy Gadelha participou do evento e destacou fatores que fazem de Campo Grande e a região do Médio Oeste vetores de crescimento para a bacia leiteira potiguar. Nesse contexto, explica ele, além de condições climáticas favoráveis, iniciativas como o desenvolvimento do Programa Leite e Genética são decisivos.

“Nós temos uma bacia leiteira que merece ser reconhecida a nível de estado, basta que a gente se organize. Os olhos do Rio Grande do Norte vão focar nessa bacia leiteira, que além de qualidade, tem muitos produtores envolvidos, água em abundância, terra boa e parcerias público privadas, como é o caso do Programa Leite e Genética. Desse modo, essa nova etapa do programa é uma grande oportunidade que temos aqui na região, para fazer o setor crescer ainda mais e aproveitar todo o potencial que possui”, observa.

Ao aderir ao programa, o produtor recebe, num período de três meses, consultoria que inclui orientação técnica sobre manejo, nutrição animal, sanidade, vacinas, que culminam com a inseminação artificial de dez animais. Em Campo Grande, produtores rurais interessados em participar do Programa Leite e Genética devem procurar a agência do Sebrae-RN mais próxima, em Mossoró ou o Laticínios Santa Teresinha. Mais informações no endereço eletrônico https://material.rn.sebrae.com.br/leite-genetica ou no telefone: 84 99654-8777 (Luís Felipe – gestor do programa).

  • Programa Leite e Genética