Caicó/RN – A 40ª edição da Famuse – Feira de Artesanato dos Municípios do Seridó – está prestes a começar e promete marcar história no calendário cultural e econômico do Rio Grande do Norte. O evento, que este ano acontece de 23 a 27 de julho, chega com novidades: pela primeira vez será realizado no Largo do Mercado Público Municipal, na Praça Dix-Sept Rosado, no centro de Caicó. O novo espaço, mais amplo e integrado a outros equipamentos já consolidados na comercialização de produtos artesanais, como a Casa do Artesão do Seridó e a Feira Caicó Mostra Caicó, irá abrigar uma estrutura com mais de 80 estandes.
Muito além de uma feira, a Famuse é vitrine da cultura seridoense, da economia criativa e da força empreendedora das mãos que transformam matéria-prima em identidade. Para o gerente da Agência Sebrae Seridó Ocidental, Pedro Medeiros, o evento é um momento ímpar para o artesão mostrar suas criações, ter contato direto com o público, fazer networking com outros profissionais do setor e inovar. “A Famuse é uma feira muito importante para a economia do Seridó. É uma oportunidade para mostrar a arte que eles fazem todos os dias em suas residências, muitas vezes de forma associativa, e para fortalecer a economia solidária e a economia criativa da região”, afirma o gerente.
Além de apoiar institucionalmente a feira, o Sebrae promove ações durante o evento como mostras de coleções, um espaço dedicado à Indicação Geográfica (IG) do Bordado de Caicó, além da valorização do movimento Feito Potiguar, que evidencia também os sabores da região com produtos como queijos, bebidas e biscoitos artesanais.

A presença do Sebrae é sentida diretamente na trajetória de artesãs como Liduina Cândido, que trabalha com crochê há mais de 30 anos e faz parte da associação Caicó Mostra Caicó. “Desde 2013 participamos da Famuse, e foi ali que muitos artesãos passaram a ser descobertos pelo público. O Sebrae está sempre próximo, é como uma família pra gente. Com eles, participamos de projetos, aprendemos novas técnicas e nos fortalecemos”, conta. Atualmente, ela integra o núcleo de artesanato do ELI – Ecossistema Local de Inovação, com encontros quinzenais de capacitação.

Outro exemplo é o de Heloisa Meneguel, que carrega o artesanato no sangue: aprendeu crochê com a bisavó e recentemente passou a trabalhar com bordado Rococó por meio de curso oferecido na Casa do Artesão em parceria com o Sebrae-RN. Atualmente, ela é uma das artesãs que possuem o selo da Indicação Geográfica do Bordado de Caicó. “A Feira é o momento do artesão. A gente consegue vender, divulgar, e o Sebrae é parceiro nessa valorização e visibilidade que tanto precisamos”, destaca.
IG do Bordado de Caicó: identidade e proteção
A Feira também é palco para a valorização de um dos maiores patrimônios imateriais da região: o Bordado de Caicó, que desde 2020 possui o selo de Indicação Geográfica. O processo passou a contar em 2018 com apoio técnico do Sebrae, que possibilitou o reconhecimento formal da tradição, protegendo a origem e a qualidade da produção artesanal local.
Segundo Arlete Silva, diretora do CRACAS – instituição responsável pela organização da Famuse e detentora do selo da IG – esse reconhecimento elevou o valor percebido do bordado e protegeu os artesãos da concorrência desleal. “Antes, a gente encontrava em feiras os produtos do Ceará, da China e de outros estados sendo vendidos como Bordado de Caicó. Hoje, temos o selo, o controle de qualidade, e 99 bordadeiras já certificadas. Isso só foi possível com o apoio técnico e estratégico do Sebrae”, ressalta Arlete Silva.
A IG do Bordado é regulada por um conselho composto por bordadeiras de diferentes municípios do Seridó e mantém processo seletivo rigoroso para emissão do selo. “As peças são avaliadas e quem não é aprovado recebe orientações para melhorar. Isso ajuda a manter o padrão de excelência e valorizar ainda mais o trabalho artesanal”, explica Arlete.
Expectativa em alta
Com todos os estandes já esgotados – 86 espaços comercializados – a expectativa é de público recorde e grande movimentação econômica durante a Famuse, que ocorre paralelamente à tradicional Festa de Sant’Ana de Caicó. “Tem artesão que trabalha o ano todo a partir das encomendas feitas na Famuse. Tem expositores de Natal que relatam vender mais aqui do que em feiras da capital. É a nossa maior vitrine”, reforça Arlete.

Para Pedro Medeiros, gerente da Agência Sebrae Seridó Ocidental Sebrae-RN, o novo espaço e o envolvimento das entidades fortalecem ainda mais a cadeia do artesanato local. “Essa 40ª edição será especial. Vamos mostrar a força da cultura, da tradição e da inovação que move o artesanato seridoense. O Sebrae está e estará sempre ao lado desses empreendedores que transformam arte em sustento e em orgulho para o Rio Grande do Norte”, finaliza.