Parnamirim/RN – O potencial da cafeicultura nas diferentes regiões do Nordeste brasileiro foi o tema da Palestra Master ministrada pelo professor e pesquisador Jerônimo Borel, durante a programação da Agência Sebrae Festa do Boi 2025, no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim. O encontro reuniu produtores, técnicos e estudantes interessados em conhecer as possibilidades de cultivo e expansão da produção de cafés especiais no território nordestino.
Engenheiro agrônomo, mestre e doutor em Genética e Melhoramento de Plantas pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), Jerônimo Borel é professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2013, com atuação nas áreas de cafeicultura, grandes culturas e melhoramento genético de plantas, com foco em tolerância a estresses abióticos e resistência a doenças.
Durante a apresentação, o pesquisador destacou a diversidade ambiental do Nordeste como um dos principais diferenciais para o avanço da cafeicultura na região.
“Quando se pensa em Nordeste, muita gente ainda imagina apenas o sertão e o calor. Mas a região possui florestas úmidas, serras, chapadas e áreas de transição entre biomas. São muitos microclimas favoráveis à produção de café de qualidade”, explicou.
Borel lembrou que o café tem presença histórica no Nordeste e que o cultivo vem sendo retomado com o apoio da pesquisa e da assistência técnica. “O café chegou ao Nordeste nos primórdios da colonização e nunca saiu de fato. O que acontece hoje é uma redescoberta das regiões produtoras. Estados como Paraíba, Bahia e Pernambuco têm mostrado resultados expressivos e atraído novos investimentos”, afirmou.

Entre os desafios citados pelo pesquisador estão o acesso à água, a infraestrutura e a disponibilidade de mão de obra. “Produzir café exige cuidado, planejamento e conhecimento técnico. Não é uma cultura simples, mas é apaixonante. É preciso avaliar bem o ambiente, o tipo de solo, a altitude e a capacidade de irrigação antes de investir”, alertou.
O professor também ressaltou a importância da pesquisa científica e da escolha adequada das variedades. “As variedades de café não se comportam da mesma forma em todas as regiões. O que dá certo no vizinho pode não funcionar em outra propriedade. Precisamos testar materiais e validar resultados localmente para garantir produtividade e qualidade”, completou.
O café nordestino em pauta na Festa do Boi
A palestra fez parte do Seminário “Cafeicultura: Conexão Nordeste”, promovido pelo Sebrae-RN dentro da programação da Agência Sebrae Festa do Boi 2025, que mais uma vez dedica destaque especial à cafeicultura regional. O evento também conta com a Exposição de Cafés Especiais do Nordeste e sessões de cupping, reunindo produtores, pesquisadores e especialistas para discutir o potencial das diferentes regiões do Nordeste na produção de cafés de qualidade.
As ações integram a estratégia do Sebrae-RN de fortalecer cadeias produtivas sustentáveis, ampliar a visibilidade dos cafés potiguares e incentivar a geração de valor a partir da identidade territorial e da inovação no campo.