Tendências, estratégias, inovação e organização no setor da fruticultura foram os temas em destaque no Palco Juntos pelo Agro, realizado nesta quinta-feira (16), dentro dos seminários da Agência Sebrae na Festa do Boi 2025. Profissionais de diferentes áreas compartilharam experiências e orientações voltadas ao fortalecimento dessa atividade que já demonstra sua força econômica no estado.
Atualmente, o Rio Grande do Norte é o maior exportador de frutas do Brasil, e o país ocupa a terceira posição no ranking mundial de produção. Nesse contexto, o consultor em agronegócios Sérgio Abreu, especialista em desenvolvimento de fornecedores de alimentos para o varejo e o food service, provocou uma reflexão sobre como se destacar em um mercado cada vez mais competitivo e exigente, em meio a uma população que envelhece e busca alimentos mais funcionais e saudáveis.

Ele destacou a importância de estratégias de diferenciação e posicionamento. “As frutas também podem ter marca, podem ser reposicionadas como produtos premium, nível ouro. Os consumidores estão conectados ao prato, querem saber a origem do que consomem. O recado principal é: não ignorem o mercado, pesquisem, unam forças”, aconselhou. O consultor também reforçou a necessidade de investir em portfólios, materiais de divulgação e em fontes de informação como consumidores, concorrentes e parceiros.
Nesse mesmo caminho de inovação, Bruno Rosolem (foto), diretor comercial e sócio da foodtech brasileira Amazonika Mundi, apresentou a trajetória da empresa, pioneira no uso da fibra do caju na produção de alimentos vegetais. Ele contou que a ideia surgiu em 2016, a partir do desejo de criar um produto com ingredientes de forte identificação nacional. Assim, em 2020 nasceu a marca Amazonika Mundi, que transforma a fibra do caju — antes frequentemente descartada — em um “superalimento”.
“A proposta foi criar produtos de reaproveitamento e nutrir a população de forma diferente, especialmente o público vegetariano. Nosso hambúrguer vegetal tem mais proteína do que um hambúrguer de fraldinha. Começamos com um único produto e hoje temos 23, sempre com a proposta de serem saudáveis, nutritivos e acessíveis”, destacou Bruno.
Encerrando a sequência de palestras, o engenheiro-agrônomo Maurício de Sá Ferraz, executivo com 25 anos de experiência em cadeias produtivas de alimentos no Brasil e no exterior, enfatizou a importância da organização coletiva como fator essencial para o crescimento sustentável do setor. “Vocês estão aqui porque estão organizados. Organização é querer estar junto e crescer juntos. Uma cooperativa permite negociar melhor com a indústria, definir o que vai para a gôndola e o que vai para o suco, por exemplo”, explicou.
Após as exposições, os produtores participaram de um momento de diálogo e troca de experiências. Edmilson de Oliveira, produtor do assentamento Novo Horizonte II, em Maxaranguape, relatou que as discussões o motivaram a buscar novos caminhos para a produção. “A palestra abre os olhos. Temos 100 famílias no assentamento e 70 produzem caju. Antes vendíamos apenas para atravessadores, mas hoje diversificamos com produtos como coxinhas, hambúrgueres e doces”, contou. Para ele, o principal desafio agora é a capacitação. “A comunidade está preparada para produzir e vender, mas falta se organizar”, reconheceu.
Já José Ricardo, produtor de Jandaíra, compartilhou sua experiência de transição da cultura da cebola para o mamão, buscando agregar valor à produção. “Sou pequeno produtor, mas sempre pensei em ter uma agroindústria para beneficiar algum produto. É interessante ver como outros começaram, porque isso nos inspira e dá novas ideias”, afirmou.
A programação do palco foi aberta pelo diretor técnico do Sebrae-RN, João Hélio Cavalcanti acompanhado da representante do Sebrae Nacional, Patrícia Mayana, do gestor de Fruticultura do Sebrae-RN, Franco Marinho Ramos, e da gerente da Unidade de Desenvolvimento Rural, Mona Paula Nóbrega, que destacaram a importância da fruticultura como vetor de geração de renda e inovação no campo potiguar.