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Artesãos por profissão, dedicação e amor à tradição das manualidades

No Dia Mundial do Artesão, comemorado em 19 de março, o Sebrae destaca três exemplos de artesãos potiguares que representam bem o oficio de se dedicar à produção artesanal no RN
Por Redação
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Natal– A identidade do artesão não está somente impressa em etiquetas ou tags aderidas aos produtos. Mais que isso, está expressa nos pequenos detalhes, que se tornam uma verdadeira marca da capacidade, técnica e talento. Para marcar o Dia Mundial do Artesão, comemorado em 19 de março, o Sebrae destaca três exemplos desses profissionais, que desenvolvem peças de tipologias diferentes, mas que têm objetivos e interesses semelhantes: a busca por valorização das peças produzidas e por canais modernos de comercialização dos produtos.

Esse desejo passa pelos pensamentos de Vera Lúcia Bezerra de Lima Browne, uma artesã que utiliza um tipo de tecido, que é a cara do Nordeste brasileiro, a chita, para criar produtos comerciais, como roupas e acessórios, também elementos da cultura popular com as tradicionais bonecas de pano. “Faço os bonecos da Araruna [dança típica do Rio Grande do Norte], do Pastorial e do Boi de Reis e quadrilhas juninas”.

Com a empresa denominada Companhia da Chita, Vera Lucia também transforma o tecido para servir de matéria prima para vestidos, bolsas e roupas de cama e mesa. “Faço um trabalho com chita customizada, pego a chita original e mudo a textura e a cor. Tudo com produtos naturais, pois não uso produto químico industrializado, para dar uma cor bonita”, revela.

A presidente da Associação dos Artesãos de Santa Cruz, Margareth Gomes de Moraes da Silva, acredita que, reunidos em associações, cooperativas e grupos, os artesãos ficaram mais fortalecidos ao logo do tempo. Também tem os seus trabalhos mais valorizados pela sociedade em geral, o que agrega valor aos produtos.

Dentre os principais desafios enfrentados pela categoria, destaca-se a comercialização do que é produzido manual e artesanalmente, sobretudo em tempos de pandemia como na atual conjuntura pela qual o mundo está passando. A alternativa encontrada pelos grupos de artesão foi marcar presença no digital, criando Instagram e whatsapp para divulgar e vender produtos artesanais.

Às vésperas de completar 13 anos de fundação, a Associação dos Artesãos de Santa Cruz, na região do Trairi norte-rio-grandense, conta atualmente com uma equipe de 12 artesãos que trabalham com tipologias, como crochê, ponto cruz, bordado rústico, ponto corrente e peças em cerâmica. Os produtos estão à venda no Complexo Cultural Santá, aonde foi instalada a primeira loja conceitual de artesanato do Rio Grande do Norte, expondo a produção de artesãos do município. A exposição virtual dos produtos pode ser vista no Instagram.

Presença Digital

A artesã Margareth Gomes destaca a importância da presença no digital, sobretudo para atividades como o artesanato, cujas peças podem ser apreciadas e adquiridas por pessoas do próprio local e turistas de diversas partes do país e do mundo. “Nós, artesãos, necessitamos de treinamento para o uso de redes e mídias sociais para podermos fazer a divulgação dos nossos produtos”, reivindica Margareth.

Segundo a artesã, é possível ter a atividade como a renda principal da família. Contudo, isso requer muita força de vontade, criatividade e planejamento do negócio. “Tive que me reinventar, pois tivemos que fechar as portas, em função da pandemia. E com a falta de estoque de matéria prima e os constantes aumentos dos insumos, a produção caiu muito”, afirma a artesã, que produz peças em cerâmica e bordados.

O advento da pandemia, segundo Margareth, provocou constantes reajustes dos insumos e para não desaparecer do mercado de trabalho, muitos artesãos enfrentaram vários desafios. “Eu mesma, tive que sair da minha zona de conforto e buscar novas habilidades”, lembra. A associação teve que fechar a loja temporariamente, porque a maioria dos sócios é do grupo de risco e com o aumento dos casos de Covid-19 na cidade, a situação ficou insustentável. A queda vertiginosa no fluxo de turistas também prejudicou muito a venda do artesanato no município, que tem como principal atrativo turístico religioso, a estátua de Santa Rita de Cássia com 56 metros de altura, encravada no topo do Monte Carmelo, em Santa Cruz.