Natal – Quando em 1997 o empresário Jorge Tenório vislumbrou a possibilidade de dar continuidade à tradição de família, ao abrir uma pequena indústria de confecção no município de Ielmo Marinho (distante 55 quilômetros de Natal), a proposta era oferecer serviços para grandes empresas têxteis, como RM Nor, Hering e Guararapes. O que o empreendedor não imaginava era que a sua empresa se tornaria anos depois uma das maiores referências em fornecimento de camisas masculinas do Brasil.
Hoje, a Moda Útil Brasil também atua no segmento de private label (que concebe e fabrica peças para venda no atacado a outra empresa), desenvolve duas coleções por ano, chega a produzir até 15 mil peças por mês e atende a principais boutiques e grifes masculinas do país fora do padrão fast fashion, com um portfólio que vai da Osklen a Ellus. Agora, a empresa acaba de anunciar um plano audacioso: vai lançar uma linha de camisas com marca própria nacional, a Colliman. A decisão faz parte das estratégias de redimensionar o modelo de negócio e diversificar o público alvo da indústria, que registrou um crescimento de 20% nos últimos dois anos.
Por trás do sucesso, tem um negócio que é feito em família e de forma profissional. Estão inteiramente envolvidas na empresa As duas filhas Raissa Tenório e Yasmin Tenório, que é estilista e responsável por atividades, que vão desde o desenvolvimento dos produtos de Private Label à implantação no mercado nacional da marca Colliman.
“A partir de 2017, com a chegada de Raissa, Yasmin e Rudnei Mendes [gerente de desenvolvimento de produtos], ficou resolvido iniciar novos movimentos, começando com investimentos através da aquisição de máquinas e equipamentos de tecnologia atualizada, com objetivo de complementar as etapas que faltavam no processo de produção da camisaria”, conta o empreendedor. A empresa incorporou ao setor de costura já existente as áreas de desenvolvimento e engenharia de produto, modelagem, sistema de encaixe, plotagem, revisão de tecidos, corte, separação, acabamento, embalagem, logística e expedição.
A empresa é dividida em duas unidades, uma delas está instalada em Parnamirim, onde é feito todos esses processos descritos, exceto a costura, que é de exclusividade da unidade de Ielmo Marinho. Denominada Utitextil, a fábrica tem 60 funcionários especialmente voltados para a área de costura, totalizando 85 empregados.
Suporte
Para atingir o objetivo de diversificar o tipo de clientes da unidade, a Moda Útil contou com o apoio do Sebrae, que elaborou o plano de negócio da empresa e o projeto de viabilidade técnica e econômica para a empresa ingressar no Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial do Rio Grande do Norte (Proedi), que concedeu uma redução em 75% da carga tributária (ICMS) para a Moda Útil. “ Aonde o Sebrae chega a coisa anda”, resume. Além disso, foram realizadas consultorias SEBRAEtec para melhoria e aumento da produtividade, assim como, auditorias para a certificação ABVTEX, possibilitando adequar as exigências legais e mercadológica do segmento, tornando a empresa mais competitiva para este momento de ampliação do mercado.
O Sebrae também ofertou consultorias e serviços nas áreas de marketing, Design de Comunicação e plano de marketing para lançamento da linha Colliman. “A previsão inicial é que no primeiro ano atinja 10% de participação nos negócios, aumentando gradativamente esta participação no decorrer dos anos. Será continuado o processo de Private Label, junto aos clientes atuais e novos clientes. Com a Colliman, a política de vendas atenderá aos canais de Atacado (com preço sugerido), através de revendedores e centros de distribuição e varejo em plataformas online”, explica Jorge Tenório.
Segmentação
Para a gestora do Setorial de Moda do Sebrae-RN, Vrônica Melo, a decisão da empresa foi assertiva. “Com essa estratégia a empresa amplia a possbilidade de expansão da empresa, buscando atuar no mercado de maior valor agregado tornando a empresa mais sustentável economicamente”.
A entrada da marca no mercado sinaliza também o reposicionamento das parcerias com as grandes têxteis. Há até poucos anos, o segmento de facção de costura representava 100% das operações da empresa e como private label, 90% da produção é direcionada a clientes do Centro-sul do Brasil. Apenas 10% ficam no Nordeste.
“Fabricávamos em média de 12 a 15 mil peças mensalmente, na proporção de 70% para a Guararapes e 30% para a Hering. Atualmente nossa clientela de Facção (Produto Acabado) e Private Label, em sua maioria estão localizadas no Sudeste e Sul do país e poucas na região Nordeste. O volume atual de produção oscila entre 10 a 12 mil peças por mês”.
Na visão do empresário, a oscilação do mercado nacional, a sazonalidade das coleções, consolidação da marca no mercado estão entre os principais desafios de fazer a transição para um novo modelo de negócio.