A aplicação de técnicas e conceitos inovadores está promovendo uma verdadeira revolução na produção de frutas em Alto do Rodrigues, no Distrito de Irrigação do Baixo Açu (Diba). No município, dez fruticultores assistidos pelo Projeto de Fruticultura do Sebrae no Rio Grande do Norte já sentem os impactos positivos da adoção da chamada fruticultura regenerativa, que aposta no uso de bioinsumos para melhorar o processo produtivo no campo. Além do controle de pragas e diminuição no uso de fertilizantes convencionais, a medida já impacta na redução de até 40% nos custos com insumos.
Os resultados promissores obtidos a partir da biotecnologia foram apresentados na última sexta-feira (5), em visita técnica de comitiva do Sebrae-RN. A equipe percorreu áreas produtivas e conheceu de perto experiências bem-sucedidas de agricultores que vêm adotando tecnologias sustentáveis, a partir de consultorias realizadas pela equipe. O trabalho, iniciado há pouco mais de dois meses, tem ênfase no uso de defensivos naturais, produzidos pelo próprio produtor, a partir de elementos da natureza, como fungos, folhas, pó de rocha, frutas, melaço de cana-de-açúcar, entre outros.
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Presidente da Associação do Distrito Irrigado do Baixo-Açu (Diba) e proprietário da Frutan, Michel Cosme é um dos produtores impactados pelas consultorias e contabiliza a economia obtida com o uso de bioinsumos na produção de manga, banana, milho e mamão. Segundo ele, a parceria com o Sebrae RN é antiga e continua sendo essencial para o avanço dos produtores e do desenvolvimento agrícola da região.
“Antes da consultoria eu pagava R$ 60 mil por um caminhão de fertilizante no mês, e agora, com os bioinsumos que produzo, já tem dois meses que não compro fertilizantes. Ou seja, a curto prazo, uma economia de R$ 120 mil, com resultados muito positivos no combate a pragas e melhoria do solo, da planta. Isso representas muito para o produtor. O Sebrae é um parceiro de muito valor e queremos manter essa parceria por muito tempo”, afirmou.
Aumento de competitividade
Conforme o diretor superintendente do Sebrae RN, José Ferreira de Melo Neto, que participou da visita técnica, ao transformar resíduos orgânicos em fertilizantes eficientes, o produtor alcança mais que redução nos custos de produção e controle eficaz de pragas. Segundo ele, práticas como o uso de bioinsumos e a agricultura regenerativa têm promovido uma transformação profunda na forma de produzir, com ganhos econômicos e ambientais.
“Essas biotecnologias não apenas reduzem os custos, mas também fortalecem a autonomia dos produtores e a saúde do solo. É uma revolução silenciosa que está acontecendo aqui no Baixo Açu, com essas soluções que impulsionam a competitividade e a sustentabilidade no campo. Nossa ideia é disseminar as técnicas para mais produtores a partir de 2026”, resslta Zeca Melo.
Inovação do semiárido
Outro exemplo dos impactos positivos das consultorias do Sebrae é o trabalho desenvolvido pelo produtor Aldeir Pereira da Silva, que cultiva cerca de 70 hectares de manga no Distrito Baixo Açu. Ele destaca que o apoio da instituição tem sido decisivo para a introdução de novas tecnologias na fruticultura local.
Segundo ele, essa economia foi possível com a instalação de uma indústria de bioinsumos dentro da propriedade, viabilizada com apoio técnico do Sebrae. “Hoje, produzimos nossos próprios insumos e isso representa uma verdadeira geração de energia para a produção. O Sebrae tem trazido inovações de outros lugares e ajudado a implementar aqui no nosso projeto. É um trabalho fantástico que tem nos ajudado a reduzir custos e ver o negócio mais forte”, afirma.
Compromisso
O Sebrae tem atuado há anos no território, com ações de capacitação, consultorias técnicas e incentivo à inovação. A parceria com o Distrito de Irrigação do Baixo Açu tem sido estratégica para fomentar o desenvolvimento rural e consolidar o perímetro como referência em fruticultura irrigada no Nordeste.
Conforme o gestor de Fruticultura do Sebrae RN, Franco Marinho, as ações promovidas junto aos produtores do Diba vão além de consultorias com ênfase na fruticultura regenerativa. “O Sebrae atua na realização de feiras e ações de acesso a mercado, consultorias em Globalgap, voltadas à exportação para a Europa, consultorias para implantação de agroindústrias e a implantação da ferramenta Produtores do Alto, que aproxima compradores de frutas e produtores do Diba a partir de um site”, destaca.
Também participaram da visita técnica do Sebrae em Alto do Rodrigues o gerente da Agência do Sebrae no Vale do Açu, Fernando de Sá Leitão, além dos analistas técnicos Edwin Aldrin, Everton Monteiro e Diógenes Kalebe da Silva.