A adoção de medidas simples de manejo e acesso a tecnologias está ajudando a alavancar o crescimento da cajucultura no Rio Grande do Norte. A cajucultura do RN é a que mais cresceu no Brasil entre os anos de 2020 e 2024. O percentual de crescimento alcançou o percentual de 4,5% no ano passado, frente aos estados do Ceará e Piauí, principais produtores do país, respectivamente. O dado representa produção de 20,8 mil toneladas de castanhas. O desempenho promissor está associado à adoção de manejo adequado e o acesso a tecnologias pelos produtores, medidas que estão ajudando a resgatar a capacidade produtiva dos pomares potiguares.
A constatação é do pesquisador da Embrapa, Luiz Serrano, que ministrou palestra “A cultura do cajueiro – manejo sustentável”, no Seminário da Cajucultura, no auditório da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), em Mossoró. O evento integra a programação da edição 2025 da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada (Expofruit), realizado pelo Comitê Executivo de Fruticultura do RN (Coex), Ufersa e Sebrae/RN.
Ainda conforme o levantamento apresentado pelo especialista, a previsão é de que a produção potiguar não apresente oscilação em 2025, mantendo-se no patamar das 20 milhões toneladas. Segundo Serrano, apesar de não crescer, o dado é positivo, especialmente por não apresentar queda.
“Dos três maiores estados, o Rio Grande do Norte é o que está com uma quantidade produzida constante. Não há as quedas de crescimento constantes que havia no passado. Isso se deve muito à adoção de tecnologias, manejo de qualidade, e extensão rural que permitem, por exemplo, a escolha correta do clone, respeitando as condições climáticas de cada região produtora, de modo a contribuir para o sucesso na produção e prevenção a pragas”, enfatiza.
Associado às técnicas adequadas de manejo, o acesso a capacitações e orientações técnicas, com atuação estratégica de instituições como o Sebrae RN, complementa o pesquisador.
“O Sebrae aqui no estado vem fazendo um trabalho muito exitoso em todas as regiões produtivas do RN, e os reflexos positivos aparecem. A cada ano mais produtores estão tendo acesso às informações, e levando esse conhecimento para dentro da propriedade. Isso faz toda a diferença”, pontua.
O presidente da Associação dos Produtores de Castanha de Serra do Mel (Aprocastanha), João Marcos Bento, atesta esse bom desempenho. “A gente já adotou, sim, essas medidas, e o que a gente viu é que melhorou 100% a produção e a qualidade. A gente agora está entrando numa parceria com o município de Serra do Mel e a Voltalia para desenvolver ainda mais um manejo adequado de usar os defensivos (agrícolas) do Cajueiro”, conta.
A Aprocastanha congrega 23 produtores associados em Serra do Mel, referência na produção de caju e castanha. Apesar desse potencial, João Marcos acrescenta que muita das vezes o produtor, por indispor de acompanhamento técnico, não obtém o resultado esperado. “Mas quando a gente tem um acompanhamento, que é o que a gente está tendo agora, não tem um um desperdício de dinheiro e tem uma lucratividade na aplicação e também na qualidade das nossas castanhas e do nosso caju”, comemora.
Com quatro regiões produtoras (Oeste, Mato Grande, Seridó, e Alto Oeste), o Rio Grande do Norte tem nos municípios de Serra do Mel, Apodi e Severiano Melo os grandes protagonistas na produção de castanha no estado.
Suporte ao produtor
Para equilibrar o nível de produção da cajucultura potiguar, o Sebrae RN está atuando de forma estratégica para tornar a atividade ainda mais abrangente e competitiva em todas as regiões produtoras do estado.
Para isso, está ampliando as ações previstas no Projeto de Cajucultura, alcançando mais 12 assentamentos no município de Ceará Mirim, somando 100 produtores atendidos. Com as novas adesões, o projeto amplia para 600 o total de produtores impactados em todo o RN.
A ideia, segundo o gestor de Fruticultura do Sebrae RN, Franco Marinho, é de que, a partir do trabalho desenvolvido pelo Projeto de Cajucultura, a atividade da cajucultura seja potencializada em todo o estado. Atualmente o projeto atende a produtores nos municípios de Mossoró, Serra do Mel, Apodi e Upanema.
“Estamos ampliando nossa atuação, seja com revitalização de pomares, seja com assistência técnica qualificada, mostrando, a partir dos resultados positivos, que a atividade pode, sim, ser lucrativa e, dessa forma, contribuir para que a cajucultura potiguar ocupe patamares de ainda mais destaque no país e no mundo”, observa.
O Seminário da Cajucultura reuniu produtores, especialistas, estudantes e outros envolvidos na cultura do caju. O evento contou ainda com a palestra “A Mecanização na Fruticultura”, ministrada por Vitor Oliveira (Canal da Cajucultura), que apresentou a importância de técnicas mecanizadas para aumentar a produção e e competitividade dos produtores.