ASN RN Atualização
Compartilhe

Interiorização do turismo potiguar avança com parceria entre Sebrae e Governo do RN

Por meio do Projeto de Turismo de Base Comunitária, Sebrae e Governo do RN uniram esforços para diversificar oferta turística, criando oportunidades de renda e valorização da cultura
Por Laís Maia
ASN RN Atualização
Compartilhe

Natal – O Rio Grande do Norte está dando passos importantes para criação de novos produtos turísticos através do Projeto de Turismo de Base Comunitária (TBC), que busca fortalecer o setor em comunidades locais e diversificar as atrações além das tradicionais praias ensolaradas do estado. Este projeto, resultado da parceria do governo, através da Secretaria Estadual de Turismo (Setur) e do Sebrae no Rio Grande do Norte (Sebrae-RN), com execução do Instituto Vivejar, visa diversificar a oferta turística potiguar com a criação de novos produtos, incluir comunidades tradicionais indígenas e quilombolas, além de gerar renda nas comunidades beneficiadas.

Entre as comunidades beneficiadas pelo projeto estão o Território Potiguara Katu, em Canguaretama/Goianinha; a Comunidade do Porto, em Canguaretama; a Comunidade Quilombola de Sibaúma, em Tibau do Sul; e a Comunidade Indígena Sagi-Trabanda, em Baía Formosa. Com apoio do governo estadual e do Governo do RN, cada uma dessas áreas está desenvolvendo ou aprimorando roteiros turísticos que destacam suas tradições culturais e naturais, desde a culinária até o artesanato local.

O projeto não se limita à criação de roteiros, mas também inclui oficinas, encontros e ações que fortalecem o trabalho coletivo das comunidades de gerir e promover o turismo de forma sustentável. Desde o lançamento do projeto, a experiência já foi apresentada em 10 eventos relacionados ao setor. Adicionalmente, representantes das comunidades contaram com o suporte do Sebrae-RN e da Setur-RN para participar da Feira dos Municípios e Produtos Turísticos do RN (Femptur). Foram também organizadas cerca de 22 visitas e imersões nas comunidades envolvidas. Essas iniciativas resultaram na mobilização de aproximadamente 70 pessoas, que hoje estão comprometidas e ativamente envolvidas no projeto.

“Entendemos que para o sucesso da iniciativa, é essencial que as comunidades se apropriem e continuem engajadas com os resultados do projeto, desenvolvendo o turismo mesmo após a nossa facilitação”, explica a gestora do projeto, Ana Rosa Proença.

Além de fortalecer os aspectos culturais e turísticos, o projeto também aborda questões sociais, estabelecendo um diálogo contínuo com as comunidades por meio de grupos de WhatsApp e visitas regulares, assegurando que qualquer problema que possa impactar o turismo seja prontamente mediado.

A consultora Ana Rosa ressalta outro dado significativo do projeto de Turismo de Base Comunitária. “Hoje, 88% das pessoas participantes ativas no projeto são mulheres, mostrando o protagonismo feminino na iniciativa”.

Os novos roteiros

Uma das iniciativas que estão sendo desenvolvidas é o novo roteiro na Comunidade Quilombola de Sibaúma, criado do zero para valorizar elementos culturais como o Coco de Zambê, a culinária com tradição, além de promover o artesanato local com características distintas identificadas pela própria comunidade.

Outro destaque é o “Katu Experiência”, localizado no Território Potiguara Katu. Este roteiro oferece uma imersão profunda na natureza e na rica história indígena da área. Atualmente, o roteiro que foi desenvolvido pela comunidade, está em fase de aprimoramento para enriquecer ainda mais a experiência dos visitantes. Dentre os atrativos do “Katu Experiência”, destaca-se a autêntica imersão cultural oferecida aos visitantes. No local, é possível aprender sobre os costumes, tradições e modos de vida da comunidade indígena, enquanto se aprecia o cenário natural, com seus rios cristalinos e extensas áreas verdes.

A aldeia Sagi-Trabanda também possui roteiro turístico com foco na cultura e na natureza com apresentação do Toré, ritual do povo Potiguara, que envolve dança, tradição e música, venda de artesanatos e trilhas próximas à aldeia. No local, o trabalho está focado no apoio e fortalecimento desse roteiro.

Outra atração no RN que está em processo de aprimoramento é o passeio pela Comunidade do Porto, em Canguaretama. Sob a condução do conhecido produtor local Zé da Ostra, os visitantes têm a oportunidade de conhecer os manguezais da região, saborear a gastronomia típica e mergulhar na cultura local através de uma experiência interativa sobre o cultivo de ostras.

Diversificação turística

O gestor do Projeto de Turismo do Sebrae-RN, Yves Guerra, destacou o vasto potencial turístico do Rio Grande do Norte, enfatizando a necessidade de valorizar e fortalecer o setor para o desenvolvimento regional.

“A diversificação das nossas atrações turísticas não apenas enriquece a experiência dos visitantes, mas também impulsiona oportunidades econômicas sustentáveis para nossas comunidades. Além disso, o projeto de Turismo de Base Comunitária desempenha um papel crucial na valorização e preservação da cultura única dos povos e comunidades locais,” ressalta Yves Guerra.

A secretária de turismo do Rio Grande do Norte, Solange Portela, também destacou o protagonismo do setor no estado. “O turismo é uma das principais atividades econômicas do Rio Grande do Norte e, para garantir sua sustentabilidade, é fundamental investir na regionalização e diversificação da oferta turística. Isso implica em ações concretas que possibilitem interiorizar o turismo, com foco também no Turismo de Base Comunitária, levando-o para além do segmento de sol e mar, e criar novos produtos que atendam às demandas de diferentes perfis de turistas”, explicou Solange Portela.

Em junho, um marco importante do projeto será a realização do evento “Intercâmbio de Saberes”. O evento consiste em uma iniciativa onde representantes das comunidades terão a oportunidade de visitar e conhecer outras iniciativas significativas, sejam elas em comunidades tradicionais ou não. O objetivo é promover com que esses representantes vivenciem de perto o que tem sido discutido e experimentem, em todos os sentidos — emocional, prático e social — a realidade dessas outras comunidades que desenvolvem o turismo de base comunitária há mais tempo.