Natal – De cada cinco proprietários de pequenas empresas no Rio Grande do Norte, três se auto classificam como pretos ou pardos. Isso equivale a 60% do quantitativo completo de empreendedores potiguares à frente de um pequeno negócio. A taxa de empreendedores negros do estado acompanha a proporção verificada em toda a região Nordeste, assim como no Norte do país, onde há uma predominância da população negra empreendendo. Os dados fazem parte de levantamento feito pelo Sebrae com base nas informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) do último quadrimestre do ano passado. Mesmo assim, as desigualdades ainda persistem.
De acordo com análise do Sebrae, a pandemia da COVID-19 agravou, em todo o país, as diferenças que separavam brancos e negros adultos economicamente ativos, já que aqueles, em sua maioria, estão sendo motivados a abrir um negócio mais por necessidade do que por oportunidade, tomando por base os resultados obtidos nas pesquisas GEM (Global Entrepreneurship Monitor), realizada anualmente pelo Sebrae e sem recorte por estado, somente por região.
A maior parcela dos negros donos de pequenos negócios (51,3%) no país passou a empreender por necessidade de aumentar a renda da família
A comparação entre os dados nacionais mostra que, em 2018, a taxa de empreendedorismo entre negros era de 40%; já em 2021, ela foi reduzida para 30%. A análise também apontou uma queda do empreendedorismo entre brancos, mas com menor intensidade (variação de 3,8 pontos percentuais).
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Quando se investiga os motivos que levam os empreendedores a abrirem suas empresas, o estudo do Sebrae apontou que, há quatro anos, a maioria dos empresários negros (55,5%) criaram um negócio por identificarem uma boa oportunidade de negócio. Em 2021, no segundo ano da pandemia de Covid-19, a situação se inverteu e a maior parcela dos negros donos de pequenos negócios (51,3%) passou a empreender por necessidade de aumentar a renda da família. Mais uma vez, a pesquisa indica que a redução do empreendedorismo por oportunidade atingiu brancos e negros, mas a maioria dos empresários brancos continuou, apesar da queda, apontando a oportunidade como motivação para abrir a empresa (52,6%).
A remuneração familiar, ainda segundo as Pesquisas GEM, sofreu elevação nos dois grupos, mas o contingente de brancos com remuneração acima de seis salários-mínimos teve um incremento proporcionalmente maior do que o de empresários negros. Entre 2018 e 2021, o percentual de empresários brancos com renda acima de 6 salários-mínimos subiu de 7,8% para 28% (20,2 pontos percentuais). Já entre os empreendedores negros, esse crescimento teve menos força, com uma variação de 8,9 pontos percentuais (de 5,1% para 14%).